Resumo
Crit Care Sci. 2024;36:e20240210en
DOI 10.62675/2965-2774.20240210-pt
Em estudos observacionais sobre a síndrome do desconforto respiratório agudo, sugeriu-se que a driving pressure é o principal fator de lesão pulmonar induzida por ventilador e de mortalidade. Não está claro se uma estratégia de limitação da driving pressure pode melhorar os desfechos clínicos.
Descrever o protocolo e o plano de análise estatística que serão usados para testar se uma estratégia de limitação da driving pressure envolvendo a titulação da pressão positiva expiratória final de acordo com a melhor complacência respiratória e a redução do volume corrente é superior a uma estratégia padrão envolvendo o uso da tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSNet, em termos de aumento do número de dias sem ventilador em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo devido à pneumonia adquirida na comunidade.
O estudo STAMINA (ventilator STrAtegy for coMmunIty acquired pNeumoniA) é randomizado, multicêntrico e aberto e compara uma estratégia de limitação da driving pressure com a tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo moderada a grave devido à pneumonia adquirida na comunidade internados em unidades de terapia intensiva. Esperamos recrutar 500 pacientes de 20 unidades de terapia intensiva brasileiras e duas colombianas. Eles serão randomizados para um grupo da estratégia de limitação da driving pressure ou para um grupo de estratégia padrão usando a tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet. No grupo da estratégia de limitação da driving pressure, a pressão positiva expiratória final será titulada de acordo com a melhor complacência do sistema respiratório.
O desfecho primário é o número de dias sem ventilador em 28 dias. Os desfechos secundários são a mortalidade hospitalar e na unidade de terapia intensiva e a necessidade de terapias de resgate, como suporte de vida extracorpóreo, manobras de recrutamento e óxido nítrico inalado.
O STAMINA foi projetado para fornecer evidências sobre se uma estratégia de limitação da driving pressure é superior à estratégia da tabela de pressão positiva expiratória final baixa do protocolo ARDSnet para aumentar o número de dias sem ventilador em 28 dias em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo moderada a grave. Aqui, descrevemos a justificativa, o desenho e o status do estudo.
Resumo
Crit Care Sci. 2023;35(1):57-65
DOI 10.5935/2965-2774.20230350-pt
Avaliar os conhecimentos gerais dos intensivistas pediátricos brasileiros sobre oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo evidências de uso, modelo de custeio nacional, indicações e complicações.
Este estudo foi um inquérito transversal multicêntrico que incluiu 45 unidades de terapia intensiva pediátrica brasileiras. Realizou-se inquérito de conveniência com 654 intensivistas quanto aos seus conhecimentos sobre manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea, suas indicações, complicações, custeio e evidências bibliográficas.
O inquérito abordou questões relativas aos conhecimentos e à experiência dos intensivistas pediátricos sobre oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo dois casos clínicos e seis questões facultativas sobre o manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea. Dos 45 centros convidados, 42 (91%) participaram do estudo, e 412 (63%) dos 654 intensivistas pediátricos responderam ao inquérito. A maioria das unidades de terapia intensiva pediátrica eram da Região Sudeste do Brasil (59,5%), e os hospitais privados com fins lucrativos representavam 28,6% dos centros participantes. A média de idade dos respondentes era de 41,4 (desvio-padrão de 9,1) anos, e a maioria (77%) era mulher. Apenas 12,4% dos respondentes tinham formação em oxigenação por membrana extracorpórea. Dos hospitais pesquisados, apenas 19% tinham um programa de oxigenação por membrana extracorpórea, e apenas 27% dos intensivistas declararam já ter manejado pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea. Apenas 64 médicos (15,5%) responderam a questões específicas sobre o manejo de oxigenação por membrana extracorpórea (mediana 63,4%; oscilando entre 32,8% e 91,9%).
A maioria dos intensivistas pediátricos brasileiros demonstrou conhecimentos limitados de oxigenação por membrana extracorpórea, incluindo suas indicações e complicações. A oxigenação por membrana extracorpórea ainda não está amplamente disponível no Brasil, com poucos intensivistas preparados para o manejo de pacientes em oxigenação por membrana extracorpórea e ainda menos intensivistas capazes de reconhecer quando devem encaminhar pacientes para centros de oxigenação por membrana extracorpórea.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):519-523
DOI 10.5935/0103-507X.20220314-en
Mulher de 55 anos, saudável e não vacinada para SARS-CoV-2, foi admitida no hospital por infecção SARS-CoV-2 com rápida deterioração clínica. No 17º dia de doença, foi intubada e, no 24º dia, a paciente foi referenciada e admitida no nosso centro de oxigenação por membrana extracorpórea. Inicialmente, o suporte de oxigenação por membrana extracorpórea foi utilizado para possibilitar a recuperação pulmonar e permitir à paciente reabilitar e melhorar sua condição física. Apesar de apresentar uma condição física adequada, a função pulmonar não permitiu suspender a oxigenação por membrana extracorpórea, e a paciente foi aceita para transplante pulmonar. Um programa de reabilitação intensiva foi implementado para melhorar e manter o estado funcional da paciente em todas as fases. O curso de oxigenação por membrana extracorporal apresentou várias complicações que prejudicaram a reabilitação: falência ventricular direita, que exigiu oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial-venosa durante 10 dias; seis infecções nosocomiais, sendo quatro com progressão para choque séptico; e hemartrose do joelho. Para reduzir o risco de infecção, sempre que possível removeram-se os dispositivos invasivos (ventilação mecânica invasiva, cateter venoso central e cateter vesical), mantendo-se apenas aqueles estritamente necessários à monitorização e tratamento. Após 162 dias de suporte de oxigenação por membrana extracorpórea sem outra disfunção orgânica, foi realizado o transplante pulmonar lobar bilateral. A reabilitação física e respiratória foi mantida para promover a autonomia nas atividades da vida diária. A paciente recebeu alta hospitalar 4 meses após a cirurgia.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):524-528
DOI 10.5935/0103-507X.20220342-en
A embolia pulmonar maciça aguda é a forma mais grave de tromboembolismo venoso, que pode causar choque obstrutivo e levar à parada cardíaca e morte. Neste relato de caso, os autores apresentam o caso de uma mulher de 49 anos que se recuperou com sucesso de uma embolia pulmonar maciça com o uso combinado de oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial e trombectomia por aspiração pulmonar, sem complicações decorrentes desses procedimentos. Embora a evidência de benefício do suporte mecânico não tenha sido estabelecida em pacientes com embolia pulmonar maciça, a implementação de suporte cardiocirculatório extracorpóreo durante a reanimação pode permitir a melhora da perfusão sistêmica dos órgãos e mais chances de sobrevida. Diretrizes recentes da European Society of Cardiology afirmam que a oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial combinada com tratamento por cateter pode ser considerada em pacientes que apresentem embolia pulmonar maciça e parada cardíaca refratária. O uso de oxigenação por membrana extracorpórea como técnica autônoma com anticoagulação permanece controverso. Deve-se considerar outras terapias, como trombectomia cirúrgica ou percutânea. Como essa intervenção não é sustentada por estudos de alta qualidade, acreditamos ser importante relatar casos concretos de sucesso. Com este relato de caso, ilustramos o benefício derivado da reanimação assistida por suporte mecânico extracorpóreo e trombectomia por aspiração precoce em pacientes com embolia pulmonar maciça. Além disso, enfatizamos a sinergia que deriva de sistemas multidisciplinares integrados para fornecer intervenções complexas, sendo exemplos notáveis a oxigenação por membrana extracorpórea e a Cardiologia Intervencionista.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):402-409
DOI 10.5935/0103-507X.20220299-en
Caracterizar as pressões, as resistências, a oxigenação e a eficácia da descarboxilação de dois oxigenadores associados em série ou em paralelo durante o suporte com oxigenação veno-venosa por membrana extracorpórea.
Usando os resultados de insuficiência respiratória grave em suínos associada à disfunção de múltiplos órgãos, ao modelo de suporte com oxigenação por membrana extracorpórea veno-venosa e à modelagem matemática, exploramos os efeitos na oxigenação, descarboxilação e pressões do circuito de associações de oxigenadores em paralelo e em série.
Testaram-se cinco animais com peso mediano de 80kg. Ambas as configurações aumentaram a pressão parcial de oxigênio após os oxigenadores. O teor de oxigênio da cânula de retorno também foi ligeiramente maior, mas o efeito na oxigenação sistêmica foi mínimo, usando oxigenadores com alto fluxo nominal (~ 7L/minuto). Ambas as configurações reduziram significativamente a pressão parcial de dióxido de carbono sistêmico. Como o fluxo sanguíneo na oxigenação por membrana extracorpórea aumentou, a resistência do oxigenador diminuiu inicialmente, com aumento posterior, com fluxos sanguíneos mais altos, mas pouco efeito clínico.
A associação de oxigenadores em paralelo ou em série durante o suporte com oxigenação veno-venosa por membrana extracorpórea proporciona um modesto aumento na depuração da pressão parcial de dióxido de carbono, com leve melhora na oxigenação. O efeito das associações de oxigenadores nas pressões de circuitos extracorpóreos é mínimo.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(4):544-548
DOI 10.5935/0103-507X.20210082
Avaliar o impacto no número de casos de oxigenação por membrana extracorpórea e as taxas de sobrevivência nos anos seguintes à pandemia de H1N1 de 2009.
Avaliaram-se dois períodos distintos de utilização de oxigenação por membrana extracorpórea como suporte para insuficiência respiratória em crianças, por meio da análise de conjuntos de dados da Extracorporeal Life Support Organization. Foram construídos modelos autorregressivos integrados de médias móveis para estimar os efeitos da pandemia. O ano de 2009 foi o ano de intervenção (epidemia de H1N1) em um modelo de séries temporais interrompidas. Os dados colhidos entre 2001 e 2010 foram considerados pré-intervenção e os obtidos entre 2010 e 2017 como pós-intervenção.
Em comparação com o período entre 2001 e 2010, o período entre 2010 e 2017 mostrou aumento das taxas de sobrevivência (p < 0,0001), com melhora significante da sobrevivência quando se realizou oxigenação por membrana extracorpórea nos casos de insuficiência aguda por pneumonia viral. Antes do ponto de nível de efeito (2009), o modelo autorregressivo integrado de médias móveis mostrou aumento de 23 casos de oxigenação por membrana extracorpórea ao ano. Em termos de sobrevivência, a curva mostra que não houve aumento significante das taxas de sobrevivência antes de 2009 (p = 0,41), porém o nível de efeito foi próximo à significância após 2 anos (p = 0,05), com aumento de 6% na sobrevivência. Em 4 anos, ocorreu aumento de 8% (p = 0,03) na sobrevivência, e, 6 anos após 2009, a sobrevivência mostrou aumento de até 10% (p = 0,026).
Nos anos após 2009, ocorreu significante e progressivo aumento global das taxas de sobrevivência com oxigenação por membrana extracorpórea para todos os casos, principalmente em razão de melhoras tecnológicas e dos protocolos de tratamento para insuficiência respiratória aguda relacionada à pneumonia viral e a outras condições respiratórias.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(3):457-460
DOI 10.5935/0103-507X.20210067
Uma mulher com 63 anos de idade compareceu ao pronto-socorro com história aguda de febre, prostração e dispneia. Recebeu diagnóstico de quadro grave da COVID-19 e síndrome do desconforto respiratório agudo. Apesar de suporte clínico intensivo, cumpriu os critérios para ser submetida à oxigenação venovenosa por membrana extracorpórea. No dia 34, após 7 dias de desmame da sedação com evolução positiva de seu quadro neurológico, apresentou uma crise tônico-clônica generalizada limitada, não relacionada com desequilíbrio hidroeletrolítico ou metabólico, que levou à necessidade de investigação diagnóstica. Seus exames de imagem cerebral revelaram síndrome da encefalopatia posterior reversível. Este caso enfatiza a questão das complicações neurológicas em pacientes com COVID-19 grave e a importância do diagnóstico e suporte precoces.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(3):468-473
DOI 10.5935/0103-507X.20200077
A oxigenação por membrana extracorpórea é utilizada como suporte extracirculatório para a assistência de pacientes em severa e reversível falência cardíaca e/ou respiratória. Complicações neurológicas podem estar relacionadas ao procedimento. Diante da evolução neurológica desfavorável e da necessidade de realização de protocolo de morte encefálica, permanece um desafio a realização de teste de apneia nesse contexto. Relatamos o caso de teste de apneia para diagnóstico de morte encefálica em pós-operatório de cirurgia cardíaca em paciente utilizando oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial.
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