Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(3):468-473
DOI 10.5935/0103-507X.20200077
A oxigenação por membrana extracorpórea é utilizada como suporte extracirculatório para a assistência de pacientes em severa e reversível falência cardíaca e/ou respiratória. Complicações neurológicas podem estar relacionadas ao procedimento. Diante da evolução neurológica desfavorável e da necessidade de realização de protocolo de morte encefálica, permanece um desafio a realização de teste de apneia nesse contexto. Relatamos o caso de teste de apneia para diagnóstico de morte encefálica em pós-operatório de cirurgia cardíaca em paciente utilizando oxigenação por membrana extracorpórea venoarterial.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(3):405-411
DOI 10.5935/0103-507X.20200069
Investigamos a frequência dos testes de apneia e o uso de exames complementares para o diagnóstico de morte cerebral em nosso hospital, assim como as razões para a não realização do teste de apneia e para utilização de exames complementares.
Neste estudo retrospectivo, examinaram-se os arquivos de pacientes com diagnóstico de morte cerebral entre 2012 e 2018. O exame preferido foi determinado quando um exame complementar foi realizado para o diagnóstico de morte cerebral. Analisaram-se a taxa e a frequência de uso desses exames.
Durante o diagnóstico de morte cerebral, o teste de apneia foi realizado em 104 (61,5%) pacientes, e não foi ou não pôde ser realizado em 65 (38,5%) deles. Realizaram-se exames complementares em 139 (82,8%) pacientes. O exame complementar mais comumente utilizado foi a angiografia por tomografia computadorizada (79 pacientes, 46,7%). Foi recebida aprovação para doação de órgãos nas reuniões com familiares após o diagnóstico de morte cerebral para 55 (32,5%) dos 169 pacientes.
Nos anos mais recentes, identificamos aumento na taxa de testes de apneia incompletos e, concordantemente, elevação no uso de exames complementares. Os exames complementares devem ser utilizados nos pacientes quando há dificuldade para chegar à decisão do diagnóstico de morte cerebral, mas não se deve esquecer que não existe um consenso mundial a respeito do uso de exames complementares.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(2):319-325
DOI 10.5935/0103-507X.20200032
O teste de apneia com desconexão do ventilador mecânico representa riscos durante a determinação da morte encefálica, especialmente em pacientes hipoxêmicos. Descrevemos a realização do teste de apneia sem desconexão do ventilador mecânico em dois pacientes. O primeiro caso é o de um menino de 8 anos, admitido com hipoxemia grave por pneumonia. Apresentou parada cardiorrespiratória, seguida de coma não responsivo por encefalopatia hipóxico-isquêmica. Dois exames clínicos constataram ausência de reflexos de tronco, e o Doppler transcraniano revelou parada circulatória encefálica. Realizaram-se três tentativas de teste de apneia, que foram interrompidas por hipoxemia, sendo então realizado teste de apneia sem desconexão do ventilador mecânico, ajustando a pressão contínua nas vias aéreas em 10cmH2O e fração inspirada de oxigênio em 100%. A saturação de oxigênio manteve-se em 100% por 10 minutos. A gasometria pós-teste foi a seguinte: pH de 6,90, pressão parcial de oxigênio em 284,0mmHg, pressão parcial de dióxido de carbono em 94,0mmHg e saturação de oxigênio em 100%. O segundo caso é de uma mulher de 43 anos, admitida com hemorragia subaracnóidea (Hunt-Hess V e Fisher IV). Dois exames clínicos constataram coma não responsivo e ausência de todos os reflexos de tronco. A cintilografia cerebral evidenciou ausência de captação de radioisótopos no parênquima cerebral. A primeira tentativa do teste de apneia foi interrompida após 5 minutos por hipotermia (34,9oC). Após reaquecimento, o teste de apneia foi repetido sem desconexão do ventilador mecânico, evidenciando-se manutenção do volume residual funcional com tomografia de bioimpedância elétrica. Gasometria pós-teste de apneia apresentava pH em 7,01, pressão parcial de oxigênio em 232,0mmHg, pressão parcial de dióxido de carbono 66,9mmHg e saturação de oxigênio em 99,0%. O teste de apneia sem desconexão do ventilador mecânico permitiu a preservação da oxigenação em ambos os casos. O uso de pressão contínua nas vias aéreas durante o teste de apneia parece ser uma alternativa segura para manter o recrutamento alveolar e a oxigenação durante determinação da morte encefálica.