Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(4):544-548
DOI 10.5935/0103-507X.20210082
Avaliar o impacto no número de casos de oxigenação por membrana extracorpórea e as taxas de sobrevivência nos anos seguintes à pandemia de H1N1 de 2009.
Avaliaram-se dois períodos distintos de utilização de oxigenação por membrana extracorpórea como suporte para insuficiência respiratória em crianças, por meio da análise de conjuntos de dados da Extracorporeal Life Support Organization. Foram construídos modelos autorregressivos integrados de médias móveis para estimar os efeitos da pandemia. O ano de 2009 foi o ano de intervenção (epidemia de H1N1) em um modelo de séries temporais interrompidas. Os dados colhidos entre 2001 e 2010 foram considerados pré-intervenção e os obtidos entre 2010 e 2017 como pós-intervenção.
Em comparação com o período entre 2001 e 2010, o período entre 2010 e 2017 mostrou aumento das taxas de sobrevivência (p < 0,0001), com melhora significante da sobrevivência quando se realizou oxigenação por membrana extracorpórea nos casos de insuficiência aguda por pneumonia viral. Antes do ponto de nível de efeito (2009), o modelo autorregressivo integrado de médias móveis mostrou aumento de 23 casos de oxigenação por membrana extracorpórea ao ano. Em termos de sobrevivência, a curva mostra que não houve aumento significante das taxas de sobrevivência antes de 2009 (p = 0,41), porém o nível de efeito foi próximo à significância após 2 anos (p = 0,05), com aumento de 6% na sobrevivência. Em 4 anos, ocorreu aumento de 8% (p = 0,03) na sobrevivência, e, 6 anos após 2009, a sobrevivência mostrou aumento de até 10% (p = 0,026).
Nos anos após 2009, ocorreu significante e progressivo aumento global das taxas de sobrevivência com oxigenação por membrana extracorpórea para todos os casos, principalmente em razão de melhoras tecnológicas e dos protocolos de tratamento para insuficiência respiratória aguda relacionada à pneumonia viral e a outras condições respiratórias.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2008;20(1):37-42
DOI 10.1590/S0103-507X2008000100006
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A posição em decúbito ventral (posição prona) aplicada em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), tem demonstrado melhora da oxigenação em mais de 70% dos casos. Uma vez que essa posição promove uma série de alterações pulmonares, inclusive na mecânica pulmonar, abre-se a hipótese da necessidade de otimizar os parâmetros ventilatórios após a instalação deste novo decúbito, principalmente do valor da pressão positiva expiratória final (PEEP). O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da posição prona no cálculo da PEEP ideal, titulada pela melhor complacência pulmonar e comparar as alterações pulmonares de mecânica, de oxigenação e de ventilação nas posições supina e prona. MÉTODO: Estudo prospectivo realizado no Serviço de Terapia Intensiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Foram comparadas três fases. Fase 1: na posição supina, após o cálculo de PEEP ideal. Fase 2: após duas horas o decúbito do paciente era modificado para prona, após cálculo da PEEP. O paciente era mantido por seis horas neste decúbito. Fase 3: após este período, era colocado na posição supina, realizando-se novo cálculo da PEEP e nova coleta gasométrica, após duas horas. Foi comparada a fase 1 versus fase 2, fase 2 versus fase 3 e fase 3 versus fase 1. RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças nos valores de PEEP ideal nas três fases do estudo: fase 1 = 14 ± 4,43, fase 2 = 14,73 ± 4,77 e fase 3 = 13,65 ± 4,92. CONCLUSÕES: Não houve diferença de PEEP ideal quando na posição prona ou supina. Portanto, de acordo com este estudo não há necessidade de se readequar a PEEP a cada mudança de decúbito.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):469-474
DOI 10.1590/S0103-507X2007000400011
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A ventilação mecânica é considerada elemento básico de suporte de vida nas unidades de terapia intensiva e, indubitavelmente, essencial para os pacientes com lesão pulmonar aguda (LPA) e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Estudos experimentais demonstraram que a ventilação mecânica (VM) com altos volumes e/ou altas pressões pode exacerbar ou iniciar uma lesão pulmonar, denominada lesão pulmonar associada à VM (LPAV) ou lesão pulmonar induzida pelo ventilador (LPIV), respectivamente, com aspecto histológico similar ao da LPA/SDRA. CONTEÚDO: Realizou-se uma pesquisa sistemática dos artigos incluídos na MedLine e SciElo dos últimos 20 anos, que abordavam uma visão crítica dos principais mecanismos determinantes da LPIV. Dentre os principais mecanismos da LPAV/LPIV pode-se citar: volutrauma causado por hiperdistensão e expansão desigual das unidades alveolares em função de altas pressões transpulmonares ou volumes; aletectrauma resultante da abertura e fechamento cíclicos das vias aéreas distais e o biotrauma determinado pelo processo inflamatório conseqüente às estratégias ventilatórias lesivas adotadas. CONCLUSÕES: Os mecanismos responsáveis pelo volutrauma, atelectrauma e biotrauma devem ser bem entendidos para que se possa evitar a lesão associada à ventilação mecânica.