Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(2):251-260
DOI 10.5935/0103-507X.20200036
Avaliar a prevalência e os fatores associados com a síndrome de burnout em profissionais que atuam em unidade de terapia intensiva.
Estudo transversal com base populacional. Aplicou-se um questionário sociodemográfico, comportamental e ocupacional a 241 enfermeiros e médicos atuantes em 17 unidades de terapia intensiva públicas na cidade de São Luís (MA). Utilizou-se o Maslach Burnout Inventory-Human Services Survey (MBI-HSS) para identificar a síndrome, com base nos critérios de Maslach e Grunfeld. A taxa de prevalência foi estimada juntamente do intervalo de confiança de 95% para cada dimensão da síndrome. As associações foram estimadas pela razão de chance (odds ratio), por meio de análises de regressão logística múltipla (α = 5%).
A prevalência da síndrome de burnout foi de 0,41% (0,01 - 2,29) segundo Maslach e 36,9% (30,82 - 43,36) segundo Grunfeld. Os profissionais das unidades de atendimento pediátrico tiveram maior probabilidade de desenvolver exaustão emocional (OR = 3,16). Aqueles com idade superior a 35 anos tiveram menos propensão a desenvolver exaustão emocional (OR = 0,32) e despersonalização (OR = 0,06). Maior número de horas de trabalho em unidades de terapia intensiva associou-se com diminuição da realização pessoal (OR = 1,13). Dentre os enfermeiros, os homens foram mais propensos à diminuição da realização profissional, e a ausência da prática de atividades físicas regulares associou-se com mais exaustão emocional e menos despersonalização. Dentre os médicos, o trabalho nas unidades de terapia intensiva pediátrica e cardiológica os tornou menos propensos a perceberem menor realização pessoal, e os médicos sem pós-graduação em terapia intensiva tiveram maior chance de apresentar sentimento de falta de realização pessoal.
Este estudo demonstrou baixa prevalência da síndrome de burnout. Para cada dimensão de burnout, a maioria dos profissionais demonstrou baixos níveis de exaustão emocional, despersonalização e sentimento de falta de realização pessoal. Enfermeiros e médicos apresentaram diferentes características associadas com a síndrome de burnout.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):5-14
DOI 10.5935/0103-507X.20190002
O paciente crítico corre risco de desenvolver úlceras de estresse do trato gastrintestinal. Antiácidos e antiulcerosos de diferentes classes são frequentemente prescritos para reduzir a incidência de hemorragia gastrintestinal clinicamente significativa associada à úlcera de estresse. No entanto, o uso indiscriminado deste tipo de profilaxia em todos os pacientes admitidos a unidades de terapia intensiva não só não se justifica, como tem potenciais efeitos adversos e implicações de custo. As presentes diretrizes da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos resume a evidência atual e fornece seis afirmações clínicas e um algoritmo com o objetivo de fornecer uma política padronizada para prescrição de profilaxia da úlcera estresse em unidades de terapia intensiva.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2):226-232
DOI 10.5935/0103-507X.20180039
Em um dilema ético, há sempre uma conduta identificada como a melhor a ser tomada. A impossibilidade de adotar tal conduta leva o profissional a experimentar o sofrimento moral. Esta revisão objetivou definir este problema e propor estratégias para seu enfrentamento. Foram buscadas as palavras-chaves "moral distress" e "sofrimento moral" nas bases de dados internacionais MEDLINE/PubMed e SciELO, em artigos publicados entre 2000 - 2017. A revisão foi não exaustiva, contextual, enfocando definições, etiologia e métodos de resolução do problema. No cotidiano da prática em terapia intensiva, o sofrimento moral esteve comumente relacionado ao prolongamento do sofrimento do paciente e ao sentimento de impotência, bem como a dificuldades na comunicação entre os membros da equipe. As estratégias de enfrentamento para o sofrimento moral incluíram ações organizacionais, pessoais e administrativas. Foram recomendadas ações como manejo da carga de trabalho, apoio mútuo entre profissionais e desenvolvimento de técnicas para cultivar a comunicação aberta, a reflexão e o questionamento dentro da equipe multidisciplinar. Na prática clínica, os profissionais de saúde foram reconhecidos como agentes morais, tendo sido fundamental o desenvolvimento da coragem moral para suplantar os dilemas éticos e os conflitos interprofissionais. Tanto na terapia intensiva pediátrica como de adultos, os professionais encontram-se desafiados pelos questionamentos sobre sua prática e podem experimentar sofrimento moral. Este sofrimento pode ser minimizado e resolvido ao se compreender que o foco sempre é o paciente e agir com coragem moral e boa comunicação, em um ambiente de respeito mútuo.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2016;28(3):310-314
DOI 10.5935/0103-507X.20160041
Verificar possíveis fatores estressantes aos quais os recém-nascidos estão expostos na unidade de terapia intensiva neonatal.
Os níveis de ruídos contínuos foram verificados por meio do decibelímetro posicionado próximo ao ouvido do recém-nascido; a luminosidade foi verificada pelo luxímetro posicionado dentro das incubadoras diante dos olhos do recém-nascido; e a verificação da temperatura se deu por meio da visualização do display das incubadoras. As avaliações foram realizadas em três períodos do dia, tendo sido realizadas dez medições com intervalo de 1 minuto em cada turno para posteriores análises estatísticas.
Todos os turnos apresentaram ruídos acima dos níveis aceitáveis. Manhã (p < 0,001), tarde (p < 0,05) e noite (p < 0,001) apresentaram aumento significativo comparado ao controle. A luminosidade excedeu os padrões de normalidade significativamente (p < 0,01) no período da manhã. Quanto à temperatura, observamos que apenas uma das incubadoras encontrava-se dentro dos padrões de normalidade.
A intensidade dos ruídos, da luminosidade e da temperatura não estavam de acordo com as normas regulatórias, podendo ser assim um possível fator estressante para o recém-nascido.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(1):63-67
DOI 10.1590/S0103-507X2013000100012
A síndrome de Takotsubo caracteriza-se por disfunção ventricular esquerda transitória, predominantemente medioapical, desencadeada caracteristicamente por estresse físico ou emocional. Relata-se aqui o caso de uma paciente de 61 anos de idade, admitida com tontura, sudorese profusa e mal-estar súbito, após intenso estresse emocional. Exame físico e eletrocardiograma inicial foram normais, porém havia elevação de troponina I e CKMB massa. Suspeitou-se de infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST, indicando cineangiocoronariografia de urgência. Foram evidenciados ventrículo esquerdo com hipocinesia difusa grave, balonamento sistólico medioapical e coronárias sem lesões significativas. A paciente foi encaminhada aos cuidados intensivos, evoluindo satisfatoriamente com terapia de suporte. Conforme visto, a cardiomiopatia de Takotsubo pode simular infarto agudo do miocárdio, sendo a cineangiocoronariografia importante para distinção na fase aguda. Neste caso, a paciente evoluiu com resolução espontânea da disfunção ventricular, sem sequelas.