Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(3):317-326
DOI 10.5935/0103-507X.20180052
Caracterizar pacientes graves transportados em suporte respiratório ou cardiovascular extracorpóreo.
Descrição de uma série de 18 casos registrados no Estado de São Paulo. Todos os pacientes foram consecutivamente avaliados por uma equipe multidisciplinar no hospital de origem. Os pacientes foram resgatados, sendo a oxigenação por membrana extracorpórea instalada in loco. Os pacientes foram, então, transportados para os hospitais referenciados já em oxigenação por membrana extracorpórea. Os dados foram recuperados de um banco de dados prospectivamente coletado.
De 2011 até 2017, 18 pacientes com 29 (25 - 31) anos, SAPS3 de 84 (68 - 92), com principais diagnósticos de leptospirose e influenza A (H1N1) foram transportados no Estado de São Paulo para três hospitais referenciados. Uma distância mediana de 39 (15 - 82) km foi percorrida em cada missão, em um tempo de 360 (308 - 431) minutos. As medianas de um (0 - 2) enfermeiro, três (2 - 3) médicos e um (0 - 1) fisioterapeuta foram necessárias por missão. Dezessete transportes foram realizados por ambulância e um por helicóptero. Existiram intercorrências: em duas ocasiões (11%), houve falha de fornecimento de energia para a bomba e, em duas ocasiões, queda da saturação de oxigênio < 70%. Treze pacientes (72%) sobreviveram para a alta hospitalar. Dos pacientes não sobreviventes, dois tiveram morte encefálica; dois, disfunção de múltiplos órgãos; e um, fibrose pulmonar considerada irreversível.
O transporte com suporte extracorpóreo ocorreu sem intercorrências maiores, com uma sobrevida hospitalar alta dos pacientes.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(3):279-286
DOI 10.5935/0103-507X.20170038
Investigar potencial associação entre a presença de linhas B e a falha do desmame.
Foram inscritos 57 pacientes elegíveis para liberação da ventilação. Excluíram-se pacientes com traqueostomia. Realizou-se avaliação ultrassonográfica pulmonar de seis zonas torácicas imediatamente antes e após o final da tentativa de respiração espontânea. Definiu-se a predominância de linhas B como qualquer perfil com padrão B bilateral anterior. Os pacientes foram seguidos por 48 horas após a extubação.
Foram extubados com sucesso 38 pacientes; 11 tiveram falha da tentativa de respiração espontânea; e 8 necessitaram de reintubação dentro de 48 horas após extubados. No início da tentativa com peça T, já se observava padrão B ou consolidação nas regiões posterior e inferior dos pulmões em mais de metade dos indivíduos, que permaneceram não aeradas ao final da tentativa. Observou-se certa tendência à perda da aeração pulmonar durante a tentativa de respiração espontânea apenas no grupo com falha da tentativa de respiração espontânea (p = 0,07), assim como maior predominância de padrão B ao final da tentativa (p = 0,01).
A perda de aeração pulmonar durante a tentativa de respiração espontânea em áreas pulmonares não dependentes foi demonstrada em pacientes que tiveram falha do desmame.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(2):180-187
DOI 10.5935/0103-507X.20170028
Analisar pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca que necessitaram de reintubação endotraqueal, e identificar os fatores associados com óbito e seu relacionamento com escores de severidade.
Análise retrospectiva de informações referentes a 1.640 pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca no período entre 2007 e 2015.
A taxa de reintubação foi de 7,26%. Dentre os pacientes reintubados, 36 (30,3%) foram submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica, 27 (22,7%) à substituição valvar, 25 (21,0%) à correção de um aneurisma e oito (6,7%) a um transplante cardíaco. Dentre os pacientes com comorbidades, 54 (51,9%) eram hipertensos, 22 (21,2%) diabéticos e 10 (9,6%) tinham doença pulmonar. Dentre os pacientes que tiveram complicações, 61 (52,6%) tiveram pneumonia, 50 (42,4%) desenvolveram insuficiência renal e 49 (51,0%) tiveram uma forma moderada de distúrbio transitório da troca gasosa. Foi realizada ventilação não invasiva em 53 (44,5%) pacientes. A taxa de óbitos foi de 40,3%, e a mortalidade foi mais elevada no grupo que não recebeu ventilação não invasiva antes da reintubação (53,5%). Dentre os pacientes reintubados que morreram, os valores do SOFA e do APACHE II foram, respectivamente, de 7,9 ± 3,0 e 16,9 ± 4,5. A maior parte dos pacientes reintubados (47,5%) pertencia ao grupo de risco mais elevado (EuroSCORE > 6 pontos).
A taxa de reintubação foi elevada e se relacionou com o SOFA e o APACHE II mais graves. A mortalidade foi mais elevada no grupo que não recebeu ventilação não invasiva antes da reintubação.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(2):131-141
DOI 10.5935/0103-507X.20170023
Construir e implementar um instrumento (checklist) para melhoria do cuidado na manobra prona.
Estudo aplicativo, qualitativo e descritivo. O instrumento foi desenvolvido a partir de ampla revisão da literatura, para construção de um protocolo de atendimento assistencial, utilizando as principais bases eletrônicas (MEDLINE, LILACS e Cochrane).
Descrevemos a construção de uma ferramenta de segurança do paciente com suas inúmeras modificações e adaptações, a partir das observações da equipe multidisciplinar com seu uso na prática diária.
A aplicação do checklist na manobra de prona acrescentou confiabilidade e segurança ao procedimento. O entendimento da importância da ferramenta na segurança do paciente, por parte da equipe, e sua capacitação são necessários para seu sucesso.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2015;27(3):212-219
DOI 10.5935/0103-507X.20150034
Avaliar as características clínicas de pacientes com doenças hematológicas admitidos à unidade de terapia intensiva e o uso de ventilação mecânica não invasiva em um subgrupo com disfunção respiratória.
Foi realizado um estudo retrospectivo observacional em pacientes admitidos entre setembro de 2011 e janeiro de 2014.
Foi incluído um total de 157 pacientes. A média de idade foi de 45,13 (± 17,2) anos, sendo que 46,5% dos pacientes eram do sexo feminino. Sessenta e sete (48,4%) dos pacientes tinham sepse e, em 90 (57,3%) pacientes, foi necessária a utilização de vasopressores. A principal razão para admissão à unidade de terapia intensiva foi a insuficiência respiratória aguda (94,3%). Dentre os 157 pacientes avaliados, 47 (29,9%) foram intubados nas primeiras 24 horas, e 38 (24,2%) foram submetidos à ventilação mecânica não invasiva. Dentre os 38 pacientes que receberam inicialmente ventilação não invasiva, 26 (68,4%) foram subsequentemente intubados, e 12 (31,6%) responderam a essa modalidade ventilatória. Pacientes que deixaram de responder à ventilação mecânica não invasiva tiveram maior mortalidade na unidade de terapia intensiva (66,7% versus 16,7%; p = 0,004) e um tempo maior de permanência na unidade de terapia intensiva (9,6 dias versus 4,6 dias; p = 0,02), quando comparados aos casos em que se obteve sucesso com a ventilação mecânica não invasiva. Os escores basais de gravidade (SOFA e SAPS 3) e a contagem total de leucócitos não foram significantemente diferentes entre esses dois grupos. Em um modelo de regressão logística multivariada que incluiu os 157 pacientes, intubação a qualquer momento durante a permanência na unidade de terapia intensiva e SAPS 3 associaram-se de forma independente com mortalidade na unidade de terapia intensiva, enquanto o uso de ventilação mecânica não invasiva não apresentou essa correlação.
Neste estudo retrospectivo com pacientes hematológicos graves, aqueles submetidos a ventilação mecânica não invasiva quando da admissão e que tiveram falha da resposta tiveram uma alta mortalidade na unidade de terapia intensiva. Entretanto, apenas intubação durante a permanência na unidade de terapia intensiva se associou de forma independente com desfechos indesejáveis. São necessários mais estudos para definir preditores da falha da ventilação mecânica não invasiva.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2015;27(4):390-396
DOI 10.5935/0103-507X.20150065
Avaliar a qualidade das evidências existentes para embasar diretrizes do emprego da ventilação mecânica não invasiva no manejo da crise de asma aguda grave em crianças não responsivas ao tratamento padrão.
Busca, seleção e análise de todos os artigos originais sobre asma e ventilação mecânica não invasiva em crianças, publicados até 1º de setembro de 2014, em todos os idiomas, nas bases de dados eletrônicas PubMed, Web of Science, Cochrane Library, Scopus e SciELO, encontrados por meio de busca pelos descritores "asthma", "status asthmaticus", "noninvasive ventilation", "bronchospasm", "continuous positive airway pressure", "child", "infant", "pediatrics", "hypercapnia", "respiratory failure", e das palavras-chave "BIPAP", "CPAP", "bilevel", "acute asthma" e "near fatal asthma". Os artigos foram qualificados segundo os graus de evidências do Sistema GRADE.
Foram obtidos apenas nove artigos originais. Destes, dois (22%) apresentaram nível de evidência A, um (11%) apresentou nível de evidência B e seis (67%) apresentaram nível de evidência C.
Sugere-se que o emprego da ventilação mecânica não invasiva na crise de asma aguda grave em crianças não responsivas ao tratamento padrão é aplicável à maioria desses pacientes, mas as evidências não podem ser consideradas conclusivas, uma vez que pesquisa adicional de alta qualidade provavelmente tenha um impacto modificador na estimativa de efeito.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(3):253-262
DOI 10.5935/0103-507X.20140036
Analisar o custo-utilidade do uso da oxigenação extracorpórea para pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda grave no Brasil.
Com bancos de dados de estudos previamente publicados, foi construída uma árvore encadeada de decisões. Os custos foram extraídos da média de 3 meses do preço pago pelo Sistema Único de Saúde em 2011. Com 10 milhões de pacientes simulados com desfechos e custos predeterminados, uma análise da relação de incremento de custo e de anos de vida ganhos ajustados pela qualidade (custo-utilidade) foi realizada com sobrevida de 40 e 60% dos pacientes que usaram oxigenação extracorpórea.
A árvore de decisões resultou em 16 desfechos com técnicas diferentes de suporte à vida. Com a sobrevida de 40/60%, respectivamente, o incremento de custos foi de R$ -301,00/-14,00, com o preço pago de R$ -30.913,00/-1.752,00 por ano de vida ganho ajustado pela qualidade para 6 meses e de R$ -2.386,00/-90,00 por ano de vida ganho ajustado pela qualidade até o fim de vida, quando se analisaram todos os pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda grave. Analisando somente os pacientes com hipoxemia grave (relação da pressão parcial de oxigênio no sangue sobre a fração inspirada de oxigênio <100mmHg), o incremento de custos foi de R$ -5.714,00/272,00, com preço por ano de vida ganho ajustado pela qualidade em 6 meses de R$ -9.521,00/293,00, e com o custo de R$ -280,00/7,00 por ano de vida ganho ajustado pela qualidade.
A relação de custo-utilidade do uso da oxigenação extracorpórea no Brasil foi potencialmente aceitável neste estudo hipotético.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(4):410-415
DOI 10.5935/0103-507X.20140063
Descreveu-se aqui o caso de um homem de 30 anos de idade com quadro de varicela grave, hipoxemia refratária, vasculite do sistema nervoso central e insuficiência renal anúrica. Foi necessário transporte por ambulância com suporte respiratório extracorpóreo veno-venoso, sendo este utilizado até a recuperação do paciente. Discute-se o potencial uso de oxigenação por membrana extracorpórea em países em desenvolvimento para o controle de doenças comuns nestas áreas.