Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):426-432
DOI 10.5935/0103-507X.20220278-en
Caracterizar o conhecimento e as atitudes percebidas em relação às intervenções farmacológicas para sedação superficial em pacientes sob ventilação mecânica e entender as lacunas atuais, comparando a prática atual com as recomendações das Diretrizes de Prática Clínica para a Prevenção e Tratamento da Dor, Agitação/Sedação, Delirium, Imobilidade e Interrupção do Sono em Pacientes Adultos na Unidade de Terapia Intensiva.
Trata-se de estudo de coorte transversal baseado na aplicação de um questionário eletrônico centrado nas práticas de sedação.
Responderam ao inquérito 303 médicos intensivistas. A maioria dos entrevistados relatou uso de rotina de uma escala de sedação estruturada (281; 92,6%). Quase metade dos entrevistados relatou realizar interrupções diárias da sedação (147; 48,4%), e a mesma percentagem de participantes (48,0%) concordou com a afirmação de que os pacientes costumam ser sedados em excesso. Durante a pandemia da COVID-19, os participantes relataram que os pacientes tinham maior chance de receber midazolam do que antes da pandemia (178; 58,8% versus 106; 34,0%; p = 0,05); além disso, a sedação profunda foi mais comum durante a pandemia da COVID-19 (241; 79,4% versus 148; 49,0%; p = 0,01).
Este inquérito fornece dados valiosos sobre as atitudes percebidas dos médicos intensivistas brasileiros em relação à sedação. Embora a interrupção diária da sedação fosse um conceito bem conhecido e as escalas de sedação fossem frequentemente utilizadas pelos entrevistados, foi colocado esforço insuficiente no monitoramento frequente, no uso de protocolos e na implementação sistemática de estratégias de sedação. Apesar da percepção dos benefícios associados à sedação superficial, há necessidade de identificar metas de melhoria para se proporem estratégias educacionais que melhorem as práticas atuais.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(2):147-155
DOI 10.5935/0103-507X.20190024
Analisar a satisfação, a compreensão e os sintomas de ansiedade e depressão em familiares de pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva.
O familiar do paciente com tempo de internação ≥ 72 horas foi convidado a participar do estudo, realizado em um hospital público. Foram respondidos questionários para avaliar a compreensão do diagnóstico, do tratamento e do prognóstico, e o suporte recebido na unidade de terapia intensiva. Também foram avaliadas as necessidades da família por meio da versão modificada do Critical Care Family Needs Inventory (CCFNI) e foi aplicada a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), para avaliar os sintomas de ansiedade e depressão.
Foram entrevistados 35 familiares em sua primeira semana de permanência na unidade de terapia intensiva. A maioria dos pacientes (57,1%) era do sexo masculino, com 54 ± 19 anos de idade. A sepse foi o principal motivo da internação na unidade de terapia intensiva (40%); a mediana do Simplified Acute Physiology Score (SAPS) 3 foi de 68 (48 - 77) e 51,4% faleceram na unidade de terapia intensiva. A maioria dos familiares era do sexo feminino (74,3%), filhos ou filhas dos pacientes (54,3%), com idade de 43,2 ± 14 anos. Foi observado que 77,1% dos familiares encontravam-se satisfeitos com a unidade de terapia intensiva. A incompreensão do prognóstico foi observada em 37,1% dos familiares. As informações claras e completas recebidas na unidade de terapia intensiva e o médico ser acessível tiveram correlação significativa com a satisfação geral da família. Foi grande a prevalência dos sintomas de ansiedade (60%) e depressão em (54,3%) nos familiares.
O sofrimento emocional dos familiares é grande durante a internação do paciente na unidade de terapia intensiva, embora a satisfação seja alta. As informações claras e completas dadas pelo intensivista e o suporte recebido na unidade de terapia intensiva têm correlação significativa com a satisfação dos familiares em um hospital público.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(3):258-262
DOI 10.1590/S0103-507X2012000300009
OBJETIVO: Avaliar a influência do conhecimento sobre morte encefálica relacionada à doação de órgãos dos pacientes do Centro de Saúde Escola do Marco, órgão vinculado à Universidade do Estado do Pará. MÉTODOS: Foram entrevistados 136 pacientes, com base em um protocolo de pesquisa, no qual foi analisado o conhecimento sobre morte encefálica e doação de órgãos, além de dados sociodemográficos. RESULTADOS: A maioria por pacientes era do gênero feminino e favorável à doação de órgãos, apresentando média de idade de 39 anos. Apenas 19,9% souberam informar o que era morte encefálica, 85,3% acreditavam que o médico pode se equivocar na firmação do estado de morte encefálica de um paciente e 18,4% confiavam no diagnóstico de morte encefálica. Observou-se relação estatisticamente significante (p<0,01) entre o grau de confiança no diagnóstico de morte encefálica e a pessoa aceitar doar seus órgãos após sua morte. CONCLUSÃO: A maioria da população estudada não compreendia o significado da morte encefálica e apresentava um baixo grau de confiança no diagnóstico de morte encefálica, sendo que esse perfil influência negativamente o desejo de doar órgãos.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(2):103-111
DOI 10.1590/S0103-507X2010000200002
OBJETIVOS: Avaliar o conhecimento médico sobre as técnicas de intubação e identificar as práticas mais realizadas. MÉTODOS: Estudo prospectivo, envolvendo três diferentes unidades de terapia intensiva de um hospital universitário: da anestesiologia (ANEST), da pneumologia (PNEUMO) e do pronto socorro (PS). Todos os médicos que trabalham nessas unidades e que concordaram em participar do estudo, responderam um questionário contendo dados demográficos e questões sobre intubação orotraqueal. RESULTADOS: Foram obtidos 85 questionários (90,42% dos médicos). ANEST teve maior média de idade (p = 0,001), com 43,5% sendo intensivistas. Foi referido uso da associação hipnótico e opióide (97,6%) e pré oxigenação (91,8%), mas apenas 44,6% referiram utilização de coxim suboccipital, sem diferença entre as UTIs. Na ANEST, referiu-se maior uso de bloqueador neuromuscular (p < 0,000) e maior cuidado com estômago cheio (p = 0,002). O conhecimento sobre sequência rápida foi restrito (nota média - 2,20 ± 0,89, com p = 0,6 entre as unidades de terapia intensiva. A manobra de Sellick era conhecida por (97,6%), mas 72% usaram-na inapropriadamente. CONCLUSÕES: O conhecimento médico sobre intubação orotraqueal em terapia intensiva não é satisfatório, mesmo entre profissionais qualificados para tal procedimento. É necessário avaliar se há concordância entre as respostas dos questionários e as práticas clínicas efetivamente adotadas.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(2):153-158
DOI 10.1590/S0103-507X2010000200009
INTRODUÇÃO: As principais causas de parada cardiorrespiratória são endêmicas e exigem do médico constante aperfeiçoamento no que se refere à reanimação cardiorrespiratória, tornando o treinamento e a educação continuada essenciais ao atendimento qualificado de parada cardiorrespiratória. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento teórico de médicos sobre diagnóstico e tratamento da parada cardiorrespiratória. MÉTODOS: Trata-se de pesquisa de corte transversal e descritiva em hospital geral terciário de Roraima. A população foi composta por médicos que atuam em unidades de pronto atendimento. Para coleta de dados foi utilizado questionário com perguntas sobre o tema e busca ativa dos profissionais em seus locais de trabalho. RESULTADOS: Responderam ao questionário 44 profissionais. A média de acertos foi de 50%. Cometeram "erros fatais" 88,5% dos profissionais. Cursos de treinamento nunca foram realizados por 54,5% dos médicos. Não houve correlação entre número de acertos e realização de cursos de treinamento. Houve correlação inversamente proporcional entre desempenho e idade, mas não houve diferença estatisticamente significativa entre desempenho e tempo de graduação. CONCLUSÃO: o conhecimento teórico dos médicos mostrou-se preocupante. Os dados apontam para a importância do treinamento de profissionais em suporte avançado de vida para garantir um padrão de qualidade no atendimento à parada cardiorrespiratória neste hospital geral.