Resumo
Crit Care Sci. 2024;36:e20240158en
DOI 10.62675/2965-2774.20240158-pt
Avaliar a associação de biomarcadores com o sucesso do desmame ventilatório em pacientes com COVID-19.
Trata-se de estudo observacional, retrospectivo e de centro único realizado entre março de 2020 e abril de 2021. Foram avaliados a proteína C-reativa, os linfócitos totais e a relação neutrófilos/linfócitos durante o atrito e a extubação; mediu-se a variação desses valores de biomarcadores. O desfecho primário foi o sucesso da extubação. As curvas ROC foram desenhadas para encontrar os melhores pontos de corte dos biomarcadores segundo a sensibilidade e a especificidade. A análise estatística foi realizada por meio de regressão logística.
Dos 2.377 pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva, 458 foram incluídos na análise, 356 no Grupo Sucesso do desmame e 102 no Grupo Fracasso do desmame. Os pontos de corte encontrados nas curvas ROC foram −62,4% para proteína C-reativa, +45,7% para linfócitos totais e −32,9% para relação neutrófilo/linfócito. Esses pontos foram significativamente associados ao maior sucesso da extubação. Na análise multivariada, apenas a variação da proteína C-reativa permaneceu estatisticamente significativa (RC 2,6; IC95% 1,51 – 4,5; p < 0,001).
Neste estudo, uma diminuição nos níveis de proteína C-reativa foi associada ao sucesso da extubação em pacientes com COVID-19. Os linfócitos totais e a relação neutrófilos/linfócitos não mantiveram a associação após a análise multivariada. No entanto, uma diminuição nos níveis de proteína C-reativa não deve ser usada como única variável para identificar pacientes com COVID-19 adequados para o desmame; como em nosso estudo, a área sob a curva ROC demonstrou baixa precisão na discriminação dos resultados de extubação, com baixas sensibilidade e especificidade.
Resumo
Crit Care Sci. 2023;35(2):147-155
DOI 10.5935/2965-2774.20230422-pt
Avaliar os fatores associados aos desfechos neuropsiquiátricos de longo prazo, incluindo biomarcadores, medidos após a alta da unidade de terapia intensiva.
Foi realizado um estudo de coorte prospectivo com 65 sobreviventes de unidades de terapia intensiva. A avaliação cognitiva foi realizada por meio do Miniexame do Estado Mental; os sintomas de ansiedade e depressão foram avaliados por meio da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, e o transtorno de estresse pós-traumático foi avaliado pela Escala de Impacto do Evento-6. Os níveis plasmáticos de beta amiloide (1-42), beta amiloide (1-40), interleucina 10, interleucina 6, interleucina 33, interleucina 4, interleucina 5, fator de necrose tumoral alfa, proteína C-reativa e fator neurotrófico derivado do cérebro foram medidos na alta da unidade de terapia intensiva.
Das variáveis associadas à terapia intensiva, apenas o delirium foi relacionado de forma independente à ocorrência de comprometimento cognitivo de longo prazo. Além disso, níveis mais altos de interleucina 10 e interleucina 6 foram associados à disfunção cognitiva. Apenas a interleucina 6 foi associada de forma independente à depressão. A ventilação mecânica, os níveis de interleucina 33 e os níveis de proteína C-reativa foram associados de forma independente à ansiedade. Nenhuma variável foi associada de forma independente ao transtorno de estresse pós-traumático.
A disfunção cognitiva, bem como os sintomas de depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático, estão presentes em pacientes que sobrevivem a uma doença grave, e alguns desses desfechos estão associados aos níveis de biomarcadores inflamatórios medidos na alta da unidade de terapia intensiva.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):93-105
DOI 10.5935/0103-507X.20190001
As troponinas cardíacas T e I são marcadores considerados altamente sensíveis e específicos para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Atualmente, com o advento dos ensaios ultrassensíveis, uma série de anormalidades não primariamente cardíacas pode se manifestar por meio da elevação destes ensaios. A redução de seu limiar de detecção promoveu maior precocidade no diagnóstico e na utilização de medidas terapêuticas baseadas em evidência, no entanto, esta característica aumentou o espectro de doenças cardíacas não coronarianas detectáveis, trazendo desafios para a caracterização das síndromes coronarianas agudas e um novo papel para estes testes nas desordens conhecidas no ambiente das unidades de tratamento intensivo, em especial na sepse. A abordagem de pacientes por meio de um maior entendimento do comportamento destes marcadores deve ser redimensionada para sua correta interpretação.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(4):443-452
DOI 10.5935/0103-507X.20180064
Avaliar a acurácia dos níveis de interleucina 3 para predizer prognóstico em pacientes sépticos.
Conduzimos uma coorte prospectiva que incluiu pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva, que apresentassem sepse ou choque séptico iniciados há até 48 horas. Mediram-se os níveis séricos de interleucina 3 quando da inclusão (dia 1) e nos dias 3 e 7. O desfecho primário analisado foi a mortalidade hospitalar por qualquer causa.
Foram incluídos 120 pacientes. Os níveis séricos de interleucina 3 dosados à inclusão foram significativamente mais elevados em pacientes que faleceram em comparação aos que sobreviveram à internação hospitalar (91,2pg/mL versus 36pg/mL; p = 0,024). Em modelo de sobrevivência de Cox com inclusão de idade e valores sequenciais de SOFA, os níveis de interleucina 3 mensurados na inclusão mantiveram-se independentemente associados à mortalidade hospitalar (HR 1,032; IC95% 1,010 - 1,055; p = 0,005). Em curva Característica de Operação do Receptor construída para investigação adicional da acurácia da interleucina 3 na predição do prognóstico, encontrou-se área sob a curva de 0,62 (IC95% 0,51 - 0,73; p = 0,024) para mortalidade hospitalar. Valores iniciais de interleucina 3 acima de 127,5pg/mL mostraram-se significativamente associados à mortalidade hospitalar (p = 0,019; OR = 2,97; IC95% 1,27 - 6,97; p = 0,019), entretanto com baixo desempenho (especificidade de 82%, sensibilidade de 39%, valor preditivo positivo de 53%, valor preditivo negativo de 72%, razão de verossimilhança negativa de 0,73 e razão de verossimilhança positiva de 2,16).
Níveis elevados de interleucina 3 mostraram-se independentemente associados à mortalidade hospitalar em pacientes sépticos, entretanto com baixo desempenho clínico.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(4):453-459
DOI 10.5935/0103-507X.20180062
Determinar o desempenho da dosagem do receptor ativador de plasminogênio tipo uroquinase solúvel quando da alta da unidade de terapia intensiva para predição da mortalidade após permanência na mesma unidade.
Durante 24 meses conduziu-se um estudo prospectivo observacional de coorte em uma unidade de terapia intensiva polivalente de oito leitos. Colheram-se os seguintes dados: APACHE II, SOFA, níveis de proteína C-reativa e receptor ativador de plasminogênio tipo uroquinase solúvel, além de contagem de leucócitos no dia da alta da unidade de terapia intensiva, em pacientes que sobreviveram à permanência na unidade de terapia intensiva.
Durante este período, incluíram-se no estudo 202 pacientes; 29 (18,6%) morreram após alta da unidade de terapia intensiva. Os não sobreviventes eram mais idosos e tinham enfermidades mais graves quando admitidos à unidade de terapia intensiva, com escores de severidade mais elevados, e necessitaram de vasopressores por mais tempo do que os que sobreviveram. As áreas sob a curva Característica de Operação do Receptor para SOFA, APACHE II, proteína C-reativa, contagem de leucócitos e receptor ativador de plasminogênio tipo uroquinase solúvel, no momento da alta da unidade de terapia intensiva, avaliadas como marcadores de prognóstico de morte hospitalar, foram, respectivamente, 0,78 (IC95% 0,70 - 0,86); 0,70 (IC95% 0,61 - 0,79); 0,54 (IC95% 0,42 - 0,65); 0,48 (IC95% 0,36 - 0,58); 0,68 (IC95% 0,58 - 0,78). O SOFA associou-se de forma independente com risco mais elevado de morte no hospital (OR 1,673; IC95% 1,252 - 2,234), assim como para mortalidade após 28 dias (OR 1,861; IC95% 1,856 - 2,555) e mortalidade após 90 dias (OR 1,584; IC95% 1,241 - 2,022).
A dosagem do receptor ativador de plasminogênio tipo uroquinase solúvel na alta unidade de terapia intensiva teve um valor prognóstico fraco de mortalidade após a permanência nesta unidade.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(3):373-381
DOI 10.5935/0103-507X.20170051
Novos biomarcadores podem ser apropriados para o diagnóstico precoce da lesão renal aguda e predição da necessidade de diálise. Não é claro se tais biomarcadores podem também desempenhar um papel na predição da recuperação após se ter estabelecido o diagnóstico de lesão renal aguda, ou se podem ajudar na tomada de decisão a respeito do momento de interromper a terapia de suporte renal. Realizamos uma busca nas plataformas PubMed, Web of Science e Google Scholar por estudos que relatassem a epidemiologia da recuperação renal após lesão renal aguda, sobre fatores de risco para recuperação em comparação a não recuperação após lesão renal aguda, e potenciais biomarcadores de recuperação da lesão renal aguda. A lista de referências destes artigos e os artigos de revisão relevantes foram revisados. As referências finais foram selecionadas para inclusão nesta revisão, com base em sua relevância. Novos biomarcadores revelaram ter um potencial papel no diagnóstico precoce de recuperação da lesão renal aguda. Os níveis urinários do fator de crescimento de hepatócitos, do fator de crescimento semelhante à insulina 7, do inibidor de metalopeptidase 7 e da lipocalina associada com gelatinase de neutrófilos podem aprimorar nossa capacidade de predizer as tendências e a ocasião da recuperação, e eventual remoção do suporte renal. A recuperação da lesão renal aguda demanda mais estudo, e sua definição precisa ser padronizada para permitir melhor e mais potente pesquisa de biomarcadores, pois alguns deles revelam potencial para predição da recuperação de lesão renal aguda.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2016;28(2):179-189
DOI 10.5935/0103-507X.20160019
Infecções do trato respiratório inferior são condições frequentes e potencialmente letais, consistindo nas principais causas de prescrição inadequada de antibióticos. A caracterização de sua gravidade e a predição prognóstica dos pacientes acometidos auxiliam na condução, permitindo maior acerto nas decisões sobre a necessidade e o local de internação, assim como a duração do tratamento. A incorporação de biomarcadores às estratégias classicamente utilizadas representa estratégia promissora, com destaque para a procalcitonina. O objetivo deste artigo foi apresentar uma revisão narrativa sobre a potencial utilidade e as limitações do uso da procalcitonina como um marcador prognóstico em pacientes hospitalizados portadores de infecções do trato respiratório inferior. Os estudos publicados sobre o tema são heterogêneos, no que tange à variedade de técnicas de mensuração da procalcitonina, seus valores de corte, os contextos clínicos e a gravidade dos pacientes incluídos. Os dados obtidos indicam valor moderado da procalcitonina para predizer o prognóstico de pacientes com infecções do trato respiratório inferior, não superior a metodologias classicamente utilizadas, e com utilidade que se faz notar apenas quando interpretados junto a outros dados clínicos e laboratoriais. De modo geral, o comportamento da procalcitonina, ao longo dos primeiros dias de tratamento, fornece mais informações prognósticas do que sua mensuração em um momento isolado, mas faltam informações sobre a custo-efetividade dessa medida em pacientes em terapia intensiva. Estudos que avaliaram o papel prognóstico da procalcitonina inicial em pacientes com pneumonia adquirida na comunidade apresentam resultados mais consistentes e com maior potencial de aplicabilidade prática, mas com utilidade limitada a valores negativos para a seleção de pacientes com baixo risco de evolução desfavorável.
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