Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2):144-152
DOI 10.5935/0103-507X.20180028
Avaliar uma nova abordagem fisiológica para a determinação do volume corrente em ventilação mecânica, de acordo com a capacidade inspiratória, e determinar se isso resulta em medidas mecânicas e de troca gasosa adequadas em cães saudáveis e em estado crítico.
Incluíram-se, neste estudo, 24 animais para avaliar o volume corrente expresso como porcentagem da capacidade inspiratória. Para mensuração da capacidade inspiratória, o ventilador mecânico foi regulado como segue: modo controle de pressão, com 35cmH2O de pressão de inspiração e pressão expiratória final de zero, por 5 segundos. Subsequentemente, estudaram-se dez cães em condições clínicas críticas.
Cães saudáveis ventilados com volume corrente que correspondia a 17% da capacidade inspiratória demonstraram mecânica respiratória normal e apresentaram os valores previstos de PaCO2 mais frequentemente do que os animais nos demais grupos. A pressão no sistema respiratório e a pressão transpulmonar foram significantemente mais elevadas nos cães em condição crítica, porém em todos os casos, estiveram abaixo de 15cmH2O.
O volume corrente calculado com base na capacidade inspiratória de cada animal comprovou ser uma ferramenta útil e simples para o estabelecimento dos parâmetros do ventilador. Convém também realizar abordagem semelhante em outras espécies, inclusive no ser humano, quando se consideram as potenciais limitações da titulação do volume corrente, com base no peso corpóreo ideal calculado.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(2):212-218
DOI 10.1590/S0103-507X2009000200015
A avaliação da responsividade a volume no paciente em ventilação espontânea representa um desafio para o intensivista. A maior parte dos conhecimentos adquiridos sobre interação coração-pulmão e o cálculo de índices dinâmicos de responsividade a fluidos podem não ser adequados para essa avaliação. Historicamente, as variáveis mais frequentemente utilizadas para guiar a responsividade a volume têm sido as medidas estáticas de pré-carga. Mais recentemente, índices dinâmicos obtidos por dispositivos menos invasivos têm sido mais usados, apesar de sua eficácia para esse fim em pacientes em ventilação espontânea ainda não ter sido adequadamente estabelecida. O objetivo deste estudo foi revisar as principais evidências sobre a avaliação da responsividade a volume nos pacientes em ventilação espontânea. A pesquisa na literatura demonstrou escassez nas evidências para utilização de medidas estáticas da volemia como as pressões de enchimento e o volume diastólico final dos ventrículos. Medidas dinâmicas como variação da pressão de pulso e outros índices também não foram adequadamente testados durante a ventilação espontânea. Resultados favoráveis foram obtidos com a variação dinâmica da pressão venosa central e com parâmetros dinâmicos que utilizam o ecocardiograma transtorácico ou doppler esofágico associado à elevação passiva dos membros inferiores. Conclui-se que embora a variação da pressão venosa central e variáveis obtidas com o ecocardiograma transtorácico ou doppler esofágico possam ser úteis na avaliação da responsividade a volume em pacientes sob ventilação espontânea, definitivamente são necessários mais estudos neste grupo de pacientes.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2008;20(3):254-260
DOI 10.1590/S0103-507X2008000300008
OBJETIVO: O presente estudo foi desenhado para identificar o efeito da pressão expiratória final positiva (PEEP) e o volume corrente pulmonar ideal para ventilar animais com fístula broncopleural produzida cirurgicamente, com o intuito de reduzir a vazão da fístula sem afetar a troca gasosa. MÉTODOS: Avaliação hemodinâmica e respiratória da troca gasosa foi obtida em cinco porcos jovens, saudáveis, da linhagem Large White, ventilados mecanicamente no modo ventilatório volume controlado com FiO2 de 0.4 e relação inspiração:expiração em torno de 1:2, com freqüência respiratória mantida em 22 cpm. A fístula broncopleural foi produzida pela ressecção da língula. Um sistema de drenagem a selo d'água foi instalado e o tórax foi hermeticamente fechado. A troca gasosa e o débito da fístula broncopleural foram medidos com animais ventilados sequencialmente com volumes correntes de 4 ml/kg, 7 ml/kg e 10 ml/Kg alternando zero de pressão expiratória final positiva (ZEEP) e PEEP de 10 cmH2O, sempre na mesma ordem. RESULTADOS: Esses dados são atribuídos à ventilação alveolar reduzida e às anormalidades da ventilação/perfusão que foram atenuadas com volumes correntes mais altos. PEEP aumentou o vazamento de ar pela fístula, mesmo com baixos volumes, de 2.0 ± 2,8mL para 31 ± 20,7mL (p= 0,006) e diminuiu a ventilação alveolar em todos os volumes correntes. A ventilação alveolar melhorou com altos volumes correntes, mas aumentou o débito da fístula (4 ml/kg - 2,0 ± 2,8mL e 10 mL/kg - 80,2 ± 43,9mL; p=0,001). Baixos volumes correntes resultaram em hipercapnia (ZEEP - 83,7± 6,9 mmHg e com PEEP 10 -93 ± 10,1mmHg) e diminuição significativa da saturação de oxigênio arterial, em torno de 84%. CONCLUSÃO: O volume corrente de 7 ml/kg com ZEEP foi considerado o melhor volume corrente, visto que, apesar da hipercapnia moderada, a saturação de oxigênio arterial é sustentada em torno de 90%. A ventilação alveolar melhora e o débito da fístula é reduzido quando comparado ao volume corrente de 10ml/Kg. Um baixo volume resulta em hipercapnia e grave dessaturação. Finalmente, em qualquer volume corrente, PEEP aumenta o débito da fístula e diminui a ventilação alveolar.