Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(1):138-145
DOI 10.5935/0103-507X.20210015
Duplicar a percentagem de tempo no intervalo glicêmico 100 - 180mg/dL nos primeiros 3 meses após implementação faseada de um programa de educação formal e, posteriormente, de um protocolo de insulinoterapia, sem condicionar um aumento da frequência de hipoglicemia.
Foi feita a avaliação retrospetiva do controle glicêmico pré-intervenção. Foram realizados: implementação de um programa formal de educação; distribuição de algoritmos manuais de insulinoterapia endovenosa - otimizados pelos utilizadores, a partir do protocolo de Yale modificado - e formação informal da equipe de enfermagem. Foi dado apoio à utilização dos sistemas eletrônicos de controle glicêmico e do registo prospetivo dos resultados.
A primeira fase do programa (educação formal) melhorou o tempo no intervalo euglicêmico (28% para 37%). A segunda fase permitiu atingir 66% do tempo de euglicemia, com diminuição das hipoglicemias. A percentagem de doentes sob perfusão endovenosa de insulina às 48 horas de internamento aumentou (6% para 35%).
A implementação faseada de um programa formal de educação que favoreceu a aplicação de protocolos de insulinoterapia eletrônicos e manuais dinâmicos demonstrou ter aderência e ser segura e eficaz no controle glicêmico no doente crítico, com diminuição concomitante das hipoglicemias.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(4):471-478
DOI 10.5935/0103-507X.20180068
Analisar a associação entre os níveis glicêmicos quando da admissão dos pacientes à unidade de terapia intensiva pediátrica e a mortalidade entre pacientes hospitalizados.
Estudo retrospectivo de coorte conduzido em pacientes de uma unidade de terapia intensiva, admitidos ao Instituto Nacional de Salud del Niño entre 2012 e 2013. Utilizou-se um modelo de regressão de Poisson com variância robusta para qualificar a associação. Foi feita avaliação do desempenho do exame diagnóstico, para descrever sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e razão de verossimilhança para cada faixa de glicemia.
Incluíram-se no total 552 pacientes (idade mediana de 23 meses; faixa de variação entre 5 meses e 79,8 meses). O nível glicêmico médio quando da admissão foi de 121,3mg/dL (6,73mmol/L). Faleceram durante a hospitalização 92 (16,6%) pacientes. Na análise multivariada, encontraram-se associações significantes entre glicemia < 65mg/dL (3,61mmol/L) (RR: 2,01; IC95% 1,14 - 3,53), glicemia > 200mg/dL (> 11,1mmol/L) (RR: 2,91; IC95% 1,71 - 4,55), desnutrição (RR: 1,53, IC95% 1,04 - 2,25), ventilação mecânica (RR: 3,71, IC95% 1,17 - 11,76) e mortalidade durante a hospitalização. Ocorreram baixa sensibilidade (entre 17,39% e 39,13%) e alta especificidade (entre 49,13% e 91,74%) para diferentes níveis glicêmicos de corte.
Ocorreu maior risco de óbito entre os pacientes que desenvolveram hipoglicemia e hiperglicemia por ocasião da admissão à unidade de terapia intensiva pediátrica. Certas faixas de glicemia (> 200mg/dL (> 11,1mmol/L) e < 65mg/dL (3,61mmol/L)) tiveram uma alta especificidade como preditores de óbito.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(1):71-76
DOI 10.5935/0103-507X.20140011
A hiperglicemia é um problema frequentemente encontrado em pacientes graves em ambiente de terapia intensiva. Sua presença se associa ao aumento da morbidade e da mortalidade, independentemente da causa da admissão (infarto agudo do miocárdio, condição após cirurgia cardiovascular, acidente vascular cerebral e sepse). Entretanto, permanecem muitas dúvidas com relação à fisiopatologia e, particularmente, em relação ao tratamento da hiperglicemia no paciente graves. Na prática clínica, devem ser levados em consideração diversos aspectos para o controle desses pacientes, inclusive os alvos de glicemia, o histórico de diabetes mellitus, a via de nutrição (enteral ou parenteral) e o equipamento de monitoramento disponível, o que aumenta substancialmente a carga de trabalho dos profissionais envolvidos nesse tratamento. Esta revisão descreveu a epidemiologia, a fisiopatologia, o tratamento e o monitoramento da hiperglicemia no paciente adulto grave.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(4):352-356
DOI 10.1590/S0103-507X2012000400010
OBJETIVO: Demonstrar a prevalência da hiperglicemia de estresse em coorte de pacientes com síndrome coronariana aguda e a correlação com óbito, insuficiência cardíaca e/ou disfunção ventricular esquerda sistólica, na fase intra-hospitalar. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectiva inicial constituída por pacientes internados com síndrome coronariana aguda, com ou sem supradesnivelamento do segmento ST. Foram comparados os grupos para demonstrar a correlação entre hiperglicemia de estresse e eventos cardiovasculares. Na comparação entre os grupos com e sem hiperglicemia de estresse, foram usados o teste do qui-quadrado ou exato de Fisher, e o teste t de student. As variáveis com valor de p<0,20 na análise univariada foram submetidas à regressão logística variáveis. RESULTADOS: Foram estudados 363 pacientes com média etária de 62,06±12,45 anos, com predomínio do gênero masculino (64,2%). O total de 96 pacientes (26,4%) apresentou hiperglicemia de estresse. Não houve diferenças entre os grupos com ou sem hiperglicemia de estresse. A área sobre a curva ROC foi de 0,67 para relação entre a hiperglicemia de estresse e o desfecho composto insuficiência cardíaca, disfunção sistólica de ventrículo esquerdo ou óbito ao fim da internação. A curva ROC mostrou ser a hiperglicemia de estresse fator preditivo do desfecho composto (óbito, insuficiência cardíaca e/ou disfunção ventricular). A análise multivariada não apontou fator de risco a idade, hiperglicemia de estresse ou frequência cardíaca de admissão. CONCLUSÃO: A hiperglicemia de estresse na amostra estudada foi frequente. Sua presença associou-se, na análise univariada, com eventos como óbito, insuficiência cardíaca e/ou disfunção ventricular na fase intra-hospitalar, em pacientes com síndrome coronariana aguda.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(2):157-161
DOI 10.1590/S0103-507X2012000200010
OBJETIVO: Tendo em vista que pacientes internados em unidade de terapia intensiva estão em risco nutricional, e que a terapia nutricional nem sempre é iniciada no momento adequado, o objetivo deste estudo foi associar o estado nutricional, a nutrição precoce e a hiperglicemia com a mortalidade de pacientes internados em unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte histórica com utilização de banco de dados secundários de 453 pacientes que, após permanecerem durante um período mínimo de 48 horas na unidade de terapia intensiva, foram acompanhados até o 8º dia de internação. O estado nutricional foi classificado de acordo com índice de massa corporal. Considerou-se nutrição precoce a oferta de energia nas primeiras 48 horas de internação, independentemente da via. A glicemia foi monitorada com glicosímetro. RESULTADOS: A maioria dos pacientes era do gênero masculino (54,2%) e quase a metade apresentava excesso de peso (48,4%). Ao final das primeiras 48 horas, 69,4% dos pacientes já estavam sendo alimentados, e apenas 13,5% ainda apresentavam hiperglicemia. Os pacientes que receberam terapia nutricional precoce apresentaram menor risco de mortalidade (p=0,002), independentemente de possuir outros fatores associados com a mortalidade. CONCLUSÕES: A associação significativa entre a terapia nutricional precoce e a sobrevivência ressalta a importância da nutrição para pacientes graves. A baixa frequência de hiperglicemia pode ser um indicador da adequada prescrição da terapia nutricional e aplicação do protocolo de insulina na unidade de terapia intensiva da instituição.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(4):358-362
DOI 10.1590/S0103-507X2010000400008
OBJETIVOS: A hiperglicemia ocorre com frequência nos doentes críticos, sendo um fator de risco para evolução clínica desfavorável e aumento da mortalidade. Nos últimos anos, o controle glicêmico intensivo, obtido pela infusão venosa contínua de insulina, passou a ocupar lugar de destaque no manejo dos pacientes críticos. Há dúvidas frequentes e importantes sobre o tempo de eficiência da solução de insulina, por não existir referência na literatura. Sabe-se que a falta de evidências frequentemente favorece práticas impróprias. O objetivo deste estudo foi comparar glicemias entre dois protocolos diferentes, utilizados na unidade de terapia intensiva de uma instituição de Porto Alegre, quanto ao tempo de troca da solução, nas primeiras 24 horas de uso, sendo a concentração da solução a mesma; e verificar a taxa de hipoglicemia relacionada aos protocolos. MÉTODOS: Foram avaliados 80 prontuários de pacientes que utilizaram insulinoterapia por mais de 24 horas no ano de 2008, sendo que 40 deles fizeram uso do protocolo com troca da solução de insulina a cada 6 horas e 40 com troca a cada 24 horas. RESULTADOS: Observou-se entre os motivos de internação elevada incidência de pacientes hipertensos (68,8%) e diabéticos (45%). Não houve diferenças significativas entre as trocas a cada 6 e 24 horas durante todo o período da coleta com relação a glicemia capilar. Houve apenas 3 casos de hipoglicemia leve, todos no grupo de troca a cada 6 horas. CONCLUSÃO: Com o presente estudo, concluiu-se que é possível manter infusões de insulina promovendo a troca da solução a cada 24 horas. Sugerem-se, porém, estudos avaliando maior tempo de infusão em busca de possíveis eventos hipoglicêmicos com o avanço da insulinoterapia.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(4):398-403
DOI 10.1590/S0103-507X2009000400010
OBJETIVOS: Hiperglicemia induzida por estresse ocorre com freqüência em pacientes criticamente doentes e tem sido associada a aumento de mortalidade e morbidade tanto em pacientes diabéticos, quanto em não diabéticos. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil e prognóstico a longo prazo dos pacientes críticos que recebem terapia insulínica contínua na unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Coorte prospectiva, em que foram estudados os pacientes internados na unidade de terapia intensiva no período de 1 ano. Foram analisadas variáveis demográficas, escores de gravidade e o prognóstico a curto na unidade de terapia intensiva, e a longo prazo (2 anos da alta da unidade de terapia intensiva). Os pacientes foram classificados em 2 grupos: pacientes que receberam terapia insulínica contínua para controle glicêmico indicada pela equipe da unidade de terapia intensiva e pacientes que não receberam terapia insulínica. RESULTADOS: Dos 603 pacientes incluídos no estudo, 102 (16,9%) receberam terapia insulínica contínua, objetivando níveis glicêmicos <150 mg/dL e 501 pacientes (83,1%) não receberam insulina contínua. Os pacientes que necessitaram terapia insulínica contínua eram mais graves que os do grupo não necessitou de terapia insulínica: escore APACHE II (14 ±3 versus 11 ±4; p =0,04), escore SOFA (4,9 ±3,2 versus 3,5 ±3,4; p <0,001) e TISS das 24h (25,7 ±6,9 versus 21,1 ±7,2; p <0,001). Os pacientes do grupo que recebeu terapia insulínica contínua tiveram também pior prognóstico: insuficiência renal aguda (51% versus 18,5%; p <0,001), polineuropatia da doença crítica (16,7% versus 5,6%; p <0,001)] e maior mortalidade [na unidade de terapia intensiva (60,7% versus 17,7%; p <0,001) e 2 anos após a alta da unidade de terapia intensiva (77,5% versus 23,4%; p <0,001). CONCLUSÃO: A necessidade de controle glicêmico rigoroso através do uso de protocolos de insulina contínua é um marcador de gravidade e de pior prognóstico dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, refletindo também maior mortalidade a longo prazo.