Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):106-114
DOI 10.5935/0103-507X.20130021
OBJETIVO: Traduzir para o português e avaliar as propriedades de medidas da Escala de Sunderland e da Escala Revista de Cubbin & Jackson, instrumentos cuja finalidade é avaliar o risco de desenvolvimento de úlceras por pressão em terapia intensiva. MÉTODOS: O estudo compreendeu os processos de tradução e de adaptação das escalas à língua portuguesa, bem como o processo de validação dos instrumentos em estudo. A amostra foi constituída por 90 pacientes internados na unidade de terapia intensiva. Na avaliação da fiabilidade, foram identificados valores de alfa de Cronbach de 0,702 e de 0,708 para a Escala de Sunderland e a Escala Revista de Cubbin & Jackson, respectivamente. A validação de critério (preditiva) foi realizada comparativamente com a Escala de Braden (padrão-ouro), sendo as principais medidas avaliadas a sensibilidade, a especificidade, o valor preditivo positivo, o valor preditivo negativo e a área sob uma curva, que foram calculadas com base nos pontos de corte definidos pelos autores. RESULTADOS: A Escala de Sunderland obteve 60% de sensibilidade, 86,7% de especificidade, 47,4% de valor preditivo positivo, 91,5% de valor preditivo negativo e 0,86 para a área sob uma curva. A Escala Revista de Cubbin & Jackson obteve 73,3% de sensibilidade, 86,7% de especificidade, 52,4% de valor preditivo positivo, 94,2% de valor preditivo negativo e 0,91 para a área sob uma curva. A Escala de Braden obteve 100% de sensibilidade, 5,3% de especificidade, 17,4% de valor preditivo positivo, 100% de valor preditivo negativo e 0,72 para a área sob uma curva. CONCLUSÃO: Ambos os instrumentos demonstram possuir fiabilidade e validade para a utilização. Nessa amostra, a Escala Revista de Cubbin & Jackson obteve melhores valores preditivos paradesenvolvimento de úlceras por pressão em terapia intensiva.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):115-122
DOI 10.5935/0103-507X.20130022
OBJETIVO: Avaliar a efetividade de uma intervenção educacional na adesão dos profissionais da saúde às recomendações técnicas de aspiração traqueobrônquica em pacientes internados na unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Estudo quasi-experimental, com avaliação da adesão dos profissionais da unidade de terapia intensiva às recomendações da técnica de aspiração traqueobrônquica, em pacientes internados na unidade de terapia intensiva, antes e após uma intervenção educacional teórico-prática. As comparações foram feitas com teste do qui-quadrado e foi utilizado o nível de significância de p<0,05. RESULTADOS: Foram observados 124 procedimentos, pré e pós-intervenção. Verificou-se aumento da adesão em: utilização de equipamento para proteção individual (p=0,01), cuidado com a abertura da embalagem do cateter (p<0,001), uso de luva estéril na mão dominante para retirada do cateter (p=0,003), contato da luva estéril apenas com o cateter (p<0,001), realização de movimentos circulares durante a retirada do cateter (p<0,001), cateter envolto na luva estéril no final do procedimento (p=0,003), utilização de água destilada, aberta no início do procedimento, para lavagem do látex de conexão (p=0,002), descarte do restante do conteúdo de água destilada ao final do procedimento (p<0,001) e realização do conjunto dos procedimentos da técnica de aspiração (p<0,001). CONCLUSÃO: Houve baixa adesão dos profissionais de saúde às medidas preventivas de infecção hospitalar, indicando a necessidade de implantação de estratégias educativas. A intervenção educativa utilizada mostrou-se efetiva para melhorar a adesão às recomendações da técnica de aspiração traqueobrônquica.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):130-136
DOI 10.5935/0103-507X.20130024
OBJETIVO: Investigar os fatores associados à lesão renal aguda e o prognóstico em pacientes com doença pulmonar. MÉTODOS: Foi realizado estudo prospectivo com cem pacientes consecutivos admitidos em uma unidade de terapia intensiva respiratória em Fortaleza (CE). Foram investigados fatores de risco para lesão renal aguda e mortalidade em um grupo de pacientes com doenças pulmonares. RESULTADOS: A média de idade foi de 57 anos, sendo 50% do gênero masculino. A incidência de lesão renal aguda foi maior nos pacientes com PaO2/FiO2<200 mmHg (54% versus 23,7%; p=0,02). O óbito ocorreu em 40 casos. A mortalidade no grupo com lesão renal aguda foi maior (62,8% versus 27,6%; p=0,01). A relação PaO2/FiO2<200 mmHg foi fator independente associado à lesão renal aguda (p=0,01); PEEP na admissão (OR: 3,6; IC95%: 1,3-9,6; p=0,009) e necessidade de hemodiálise (OR: 7,9; IC95%: 2,2-28,3; p=0,001) foram fatores de risco independentes para óbito. CONCLUSÃO: Houve maior mortalidade no grupo com lesão renal aguda. Mortalidade aumentada foi associada com ventilação mecânica, PEEP alta, ureia e necessidade de diálise. Estudos futuros devem ser realizados para melhor estabelecer as inter-relações entre lesão renal e pulmonar e seu impacto no prognóstico.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):137-147
DOI 10.5935/0103-507X.20130025
Entidade frequente em medicina intensiva, ocorrendo em até 80% dos doentes internados na unidade de cuidados intensivos, embora muito subdiagnosticado, o delirium está associado a aumento significativo da morbilidade e da mortalidade no doente crítico. No presente artigo, foram revistos os principais fatores de risco, manifestações clínicas e abordagens preventivas e terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) nessa doença.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):148-154
DOI 10.5935/0103-507X.20130026
OBJETIVO: Identificar escalas capazes de estabelecer uma avaliação quantitativa dos sintomas do delirium em pacientes graves por meio de uma revisão sistemática. MÉTODOS: Foram selecionados estudos que avaliaram escalas de estratificação de delirium em pacientes internados em unidades de terapia intensiva a partir de busca na base de dados MedLine. Os estudos de validação dessas escalas foram analisados, e foram identificados os pacientes alvos para aplicação, o avaliador, os sinais e sintomas avaliados, a duração da aplicação, além da sensibilidade e da especificidade de cada escala. RESULTADOS: Seis escalas foram identificadas: o Delirium Detection Score, o Cognitive Test of Delirium, a Memorial Delirium Assessment Scale, o Intensive Care Delirium Screening Checklist, a The Neelon and Champagne Confusion Scale e a Delirium Rating Scale-Revised-98. CONCLUSÃO: As escalas identificadas permitem estratificação e acompanhamento do paciente grave com delirium. Dentre as seis escalas, a mais estudada e que melhor se adequa ao uso em unidade de terapia intensiva foi o Intensive Care Delirium Screening Checklist.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):155-161
DOI 10.5935/0103-507X.20130027
Durante a última década, foi publicado um número significativo de estudos fundamentais que aumentaram o conhecimento atual sobre a sedação em pacientes criticamente enfermos. Desse modo, muitas das práticas até então consideradas como padrão de cuidado são hoje obsoletas. Foi demonstrado que a sedação excessiva é perigosa, e que protocolos com sedação leve ou sem sedação se associaram a melhores desfechos dos pacientes. O delirium vem sendo cada vez mais reconhecido como uma forma importante de disfunção cerebral associada com mortalidade mais alta, maior duração da ventilação mecânica e maior permanência na unidade de terapia intensiva e no hospital. Apesar de todas as evidências disponíveis, a tradução da pesquisa para o cuidado ao pé do leito é uma tarefa hercúlea. Foi demonstrado, por levantamentos internacionais, que práticas como interrupção e titulação da sedação só são realizadas em uma minoria dos casos. O estabelecimento das melhores práticas é um tremendo desafio que deve também ser contemplado nas novas diretrizes. Nesta revisão, resumimos os achados de estudos a respeito de sedação e delirium nos anos recentes e discutimos a distância entre a evidência e a prática clínica, assim como as formas de estabelecer as melhores práticas ao pé do leito.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(2):162-167
DOI 10.5935/0103-507X.20130028
OBJETIVO: Descrever as interações entre fármacos e nutriente e sua frequência nas unidades de terapia intensiva bem como avaliar o grau de consciência a esse respeito por parte da equipe de profissionais. MÉTODOS: Foram revisados, na base de dados eletrônica PubMed, especificamente no MeSH, os unitermos: "drug interactions" e "nutrition therapy". Os estudos foram sistematicamente revisados para a descrição de tipos de interações entre fármacos e nutrientes, suas frequências e consequências. RESULTADOS: Foram encontrados 67 artigos. Dentre estes, 20 artigos estavam adequados à metodologia adotada e atingiram os objetivos do estudo. Destes, 14 artigos descreviam interações entre fármacos e nutrição enteral, 3 descreviam interações entre fármacos e nutrição parenteral, e 3 descreviam a importância e os cuidados para evitar tais interações. CONCLUSÃO: A literatura referente a interações entre fármacos e nutrientes é escassa e sugere a fragilidade das equipes assistenciais em reconhecer o potencial para interações. Possivelmente a construção de um protocolo para avaliação de interação fármaco-nutriente aumente a segurança e eficácia dos processos terapêuticos.