Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):1-1
DOI 10.5935/0103-507X.20200001
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):108-114
DOI 10.5935/0103-507X.20200016
Avaliar a efetividade da estratificação para identificar e escolher alvos para terapia antioxidante em um modelo de sepse letal em animais e pacientes que desenvolveram hipotensão prolongada.
Submeteu-se um grupo de ratos à sepse induzida por ligadura e punção do ceco. Os animais foram divididos em dois grupos: os com níveis plasmáticos altos e os com níveis plasmáticos baixos de interleucina-6. Após a estratificação, administrou-se aos animais N-acetilcisteína mais desferroxamina ou soro fisiológico a partir de 3 e 12 horas após a cirurgia. Em pacientes hipotensos, N-acetilcisteína mais desferroxamina ou placebo foram administrados dentro de 12 horas após o cumprimento dos critérios para inclusão.
O uso de N-acetilcisteína mais desferroxamina aumentou a sobrevivência no modelo com ligadura mais punção do ceco quando a administração ocorreu 3 e 12 horas após indução da sepse. Ao utilizar os níveis de interleucina-6 para separar os animais que receberam antioxidantes, o efeito protetor só foi observado nos animais que tinham níveis elevados de interleucina-6. O efeito antioxidante de N-acetilcisteína mais desferroxamina foi similar nos dois grupos, porém observou-se diminuição significante dos níveis plasmáticos de interleucina-6 no grupo que apresentava elevado nível de interleucina-6. Em comparação com pacientes tratados com antioxidantes no subgrupo que tinha baixos níveis plasmáticos de interleucina-6, aqueles que tinham níveis elevados de interleucina-6 tiveram menor incidência de lesão renal aguda, porém não foram diferentes em termos de severidade da lesão renal aguda ou da mortalidade na unidade de terapia intensiva.
Direcionar a terapia antioxidante para um elevado fenótipo inflamatório selecionaria uma população responsiva.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):115-122
DOI 10.5935/0103-507X.20200017
A proporção entre pressão venosa central menos arterial de dióxido de carbono e conteúdo de oxigênio arterial menos venoso central (Pcv-aCO2/Ca-cvO2) foi proposta como marcador substituto para quociente respiratório e indicador de oxigenação tissular. Alguns pequenos estudos observacionais identificaram que Pcv-aCO2/Ca-cvO2 acima de 1,4 se associa com hiperlactatemia, dependência de suprimento de oxigênio e maior mortalidade. Mais ainda, a Pcv-aCO2/Ca-cvO2 foi incorporada a algoritmos para avaliação da oxigenação tissular e ressuscitação. Contudo, a evidência para estas recomendações é bastante limitada e de baixa qualidade. O objetivo desta revisão narrativa foi analisar as bases metodológicas, os fundamentos fisiopatológicos e a evidência experimental e clínica para dar suporte à utilização da Pcv-aCO2/Ca-cvO2 como marcador substituto para quociente respiratório. De um ponto de vista fisiopatológico, o aumento do quociente respiratório secundariamente a reduções críticas no transporte de oxigênio é um evento dramático e com risco à vida. Entretanto, este evento é facilmente observável e provavelmente não demandaria maiores monitoramentos. Visto que o início do metabolismo anaeróbico é indicado pelo aumento súbito do quociente respiratório e que a faixa normal do quociente respiratório é ampla, o uso do ponto de corte definido como 1,4 para Pcv-aCO2/Ca-cvO2 não faz sentido. Estudos experimentais demonstraram que a Pcv-aCO2/Ca-cvO2 é mais dependente de fatores que modificam a dissociação do dióxido de carbono da hemoglobina do que do quociente respiratório, e o quociente respiratório e Pcv-aCO2/Ca-cvO2 podem ter comportamentos distintos. Estudos conduzidos em pacientes críticos demonstraram resultados controvertidos com relação à capacidade da Pcv-aCO2/Ca-cvO2 para predizer o desfecho, hiperlactatemia, anomalias microvasculares e dependência de suprimento de oxigênio. Um estudo randomizado controlado também demonstrou que a Pcv-aCO2/Ca-cvO2 é inútil como alvo para ressuscitação. A Pcv-aCO2/Ca-cvO2 deve ser interpretada com cautela em pacientes críticos.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):123-132
DOI 10.5935/0103-507X.20200018
Relatar os modelos atualmente disponíveis de predição para o desenvolvimento de lesão renal aguda em unidades de terapia para adultos heterogêneas.
Foi realizada revisão sistemática dos modelos de predição de lesão renal aguda em unidades de terapia intensiva para pacientes adultos. Fizemos busca na base PubMed® quanto a publicações que relatassem desenvolvimento de um novo modelo de predição, validação de um modelo estabelecido, ou impacto de um modelo de predição existente para diagnóstico precoce de lesão renal aguda em unidades de terapia intensiva.
Triamos 583 artigos potencialmente relevantes. Dentre os 32 artigos que restaram após a primeira seleção, apenas 5 cumpriram os critérios para inclusão. As adaptações não padronizadas feitas para definir o valor inicial de creatinina sérica, quando o valor desse exame antes da admissão estava faltando, levaram a definições heterogêneas do resultado. Preditores comumente incluídos foram sepse, idade e nível de creatinina sérica. Os modelos finais incluíram entre 5 e 19 fatores de risco. As áreas sob a curva Característica de Operação do Receptor para predição do desenvolvimento de lesão renal aguda nas coortes de validação interna variaram entre 0,78 e 0,88. Apenas dois estudos tiveram validação externa.
Os modelos de predição clínica de lesão renal aguda podem ajudar na aplicação em tempo apropriado de intervenções preventivas para os pacientes adequados. Contudo, poucos modelos foram externamente validados para as populações da unidade de terapia intensiva. Além disto, definições heterogêneas para lesão renal aguda e critérios de avaliação, e a falta de análise do impacto comprometem uma comparação abrangente dos modelos existentes. São necessárias novas pesquisas para validar os modelos estabelecidos e analisar seu impacto clínico, antes que estes possam ser aplicados na prática clínica.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):133-142
DOI 10.5935/0103-507X.20200019
Esta revisão sistemática de estudos longitudinais objetivou avaliar o efeito da administração da dieta enteral em pacientes críticos adultos e pediátricos em posição prona no volume residual gástrico e em outros desfechos clínicos. A busca da literatura foi conduzida nas bases de dados PubMed®, Scopus e Embase, a partir de termos relacionados à população e à intervenção. Dois revisores independentes analisaram os títulos e resumos, e a coleta dos dados foi realizada a partir de uma ficha padronizada. Discrepâncias foram resolvidas por um terceiro revisor. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada considerando o potencial para erros sistemáticos e os dados analisados qualitativamente. Quatro estudos com pacientes adultos e um com pacientes pré-termos foram incluídos. O volume residual gástrico foi avaliado como principal desfecho: três não diferiram no volume residual gástrico entre as posições prona e supina (p > 0,05), enquanto um estudo demonstrou maior volume residual gástrico durante a administração da dieta em posição prona (27,6mL versus 10,6mL; p < 0,05), e outro apresentou maior volume residual gástrico na posição supina (redução do volume residual gástrico de 23,3% na posição supina versus 43,9% na posição prona; p < 0,01). Dois estudos avaliaram a frequência de vômitos, sendo maior na posição prona em um estudo (30 versus 26 episódios; p < 0,001) e sem diferença significativa em outro (p > 0,05). Incidência de pneumonia aspirativa e de óbito foram avaliadas por um estudo, não sendo observada diferença entre os grupos (p > 0,05). A literatura acerca da administração de dieta enteral em pacientes críticos em posição prona é escassa e de qualidade limitada, e os resultados sobre volume residual gástrico são contraditórios. Estudos observacionais com tamanho amostral apropriado deveriam ser conduzidos para fundamentar conclusões sobre o tema.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):14-16
DOI 10.5935/0103-507X.20200004
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(1):149-152
DOI 10.5935/0103-507X.20200021
A síndrome de Kounis, enquanto síndrome coronária aguda, ocorre em um contexto de reação de hipersensibilidade, alergia ou anafilaxia, e subdivide-se em três tipos: o espasmo coronário em artérias normais, a instabilidade de placas em artérias coronárias ateroscleróticas e a trombose de stent coronário. Apresenta-se o caso de uma doente de 73 anos que, após administração de amoxicilina/ácido clavulânico, entra em parada cardiorrespiratória, com evidência de supradesnivelamento do segmento ST-T em eletrocardiograma. Realiza coronariografia com ausência de lesões obstrutivas, verificando-se resolução espontânea das alterações eletrocardiográficas. Revisão da anamnese com a família documenta alergia prévia à penicilina. O doseamento de triptase foi fortemente positivo. Foi admitida provável síndrome de Kounis tipo 2, com boa evolução clínica posterior.