Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2016;28(3):310-314
DOI 10.5935/0103-507X.20160041
Verificar possíveis fatores estressantes aos quais os recém-nascidos estão expostos na unidade de terapia intensiva neonatal.
Os níveis de ruídos contínuos foram verificados por meio do decibelímetro posicionado próximo ao ouvido do recém-nascido; a luminosidade foi verificada pelo luxímetro posicionado dentro das incubadoras diante dos olhos do recém-nascido; e a verificação da temperatura se deu por meio da visualização do display das incubadoras. As avaliações foram realizadas em três períodos do dia, tendo sido realizadas dez medições com intervalo de 1 minuto em cada turno para posteriores análises estatísticas.
Todos os turnos apresentaram ruídos acima dos níveis aceitáveis. Manhã (p < 0,001), tarde (p < 0,05) e noite (p < 0,001) apresentaram aumento significativo comparado ao controle. A luminosidade excedeu os padrões de normalidade significativamente (p < 0,01) no período da manhã. Quanto à temperatura, observamos que apenas uma das incubadoras encontrava-se dentro dos padrões de normalidade.
A intensidade dos ruídos, da luminosidade e da temperatura não estavam de acordo com as normas regulatórias, podendo ser assim um possível fator estressante para o recém-nascido.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(3):239-244
DOI 10.5935/0103-507X.20130041
Avaliar as infecções relacionadas à assistência à saúde, em unidade de terapia intensiva neonatal, causadas pelo Staphylococcus coagulase negativa, verificando o perfil de sensibilidade antimicrobiana e possíveis esquemas antibióticos eficazes.
Estudo descritivo retrospectivo de uma série de casos de infecções relacionadas à assistência à saúde tardias de origem hospitalar atribuída ao Staphylococcus coagulase negativa, avaliando o perfil de sensibilidade antimicrobiana. Foram estudados os recém-nascidos internados entre 1º de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2012 em uma unidade de terapia intensiva neonatal da cidade do Rio de Janeiro, sendo todos os pacientes oriundos de outras unidades.
Foram admitidos 765 pacientes, totalizando 3.051 pacientes-dia e uma densidade de incidência de infecção geral de 18,9 por 1.000 pacientes-dia. A taxa de utilização de cateteres venosos centrais foi de 71,6% e a positividade das culturas de todos os sítios para todas as infecções relacionadas à assistência à saúde foi de 68,4%. O Staphylococcus coagulase negativa foi implicado em 11 (19,2%) das 57 infecções relacionadas à assistência à saúde e Klebsiela pneumoniae produtor de betalactamase de espectro estendido e Candida sp em 5 ocasiões cada. Das 11 infecções, 10 (90,9%) foram atribuídas a infecções primárias de corrente sanguínea. A sensibilidade dos isolados de Staphylococcus coagulase negativa em relação à vancomicina, clindamicina, ciprofloxacin, oxacilina e gentamicina foi de 100%, 81,8%, 72,7%, 27,2%, 22,2%, respectivamente. Não houve óbito atribuído diretamente à infecção por Staphylococcus coagulase negativa.
O Staphylococcus coagulase negativa foi o principal agente encontrado nas infecções relacionadas à assistência à saúde tardias de origem hospitalar, sendo baixas as taxas de infecções relacionadas a cateter venoso central. Em hospitais semelhantes ao aqui estudado, com elevado perfil de resistência à oxacilina, a vancomicina pode ser utilizada como terapêutica inicial, sendo também a clindamicina uma alternativa viável.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(3):230-235
DOI 10.1590/S0103-507X2012000300005
OBJETIVO: Determinar a incidência e as principais causas de extubação não planejada em recém-nascidos nas unidades de terapia intensiva neonatais do Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte (MG). MÉTODOS: Estudo retrospectivo, realizado durante o período de 1º de julho de 2009 a 30 de abril de 2010. Os eventos de extubação não planejada e as principais causas associadas a estes foram avaliados por meio de uma ficha de eventos adversos. Foram analisadas as seguintes variáveis: gênero, idade gestacional corrigida, peso atual, tempo em ventilação mecânica, horário e motivos/causas do evento no dia da extubação não programada. RESULTADOS: Ocorreram 54 eventos de extubação não planejada, com incidência de 1,0 extubação não planejada/100 dias em ventilação mecânica. Essa taxa foi maior nos recém-nascidos com idade gestacional corrigida entre 30 e 36 semanas e peso < 1.000 g. As principais causas dos eventos de extubação não planejada foram: agitação do recém-nascido; manipulação inadequada do paciente durante execução de procedimentos; fixação inadequada e posicionamento do tubo endotraqueal. CONCLUSÃO: A incidência de extubação não planejada nas unidades de terapia intensiva neonatais pôde ser considerada baixa, de acordo com o período avaliado, quando comparada aos dados relatados na literatura. Contudo, uma avaliação da qualidade dos procedimentos e um acompanhamento contínuo desses recém-nascidos, assim como a monitoração das causas, são necessários para reduzir, ainda mais, tal incidência.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(1):79-85
DOI 10.1590/S0103-507X2012000100012
OBJETIVO: Avaliar a prevalência, os fatores e os agentes etiológicos associados à sepse neonatal tardia em pré-termos de uma unidade de terapia intensiva neonatal. MÉTODOS: Estudo transversal, de dados secundários de prontuários de pré-termos admitidos em uma unidade de terapia intensiva neonatal, no triênio 2008-2010. Caracterizou-se a variável desfecho sepse neonatal tardia pelos critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Empregaram-se os testes do Qui-quadrado de Pearson, exato de Fisher ou Qui-quadrado de tendência linear para as variáveis qualitativas. Considerou-se significante p<0,05. Realizaram-se análises bivariadas e multivariadas entre as variáveis independentes e a dependente, obtendo-se como medida de efeito as razões de prevalências, considerando-se p<0,20. RESULTADOS: Participaram do estudo 267 prematuros. Destes, 28,5% evoluíram com sepse tardia, com positividade de hemocultura em 17,1%. Evoluíram a óbito 8,2% dos pré-termos e, destes, 68,2% eram do grupo sepse. Associaram-se à hemocultura positiva três óbitos, todos com a participação de Gram-negativos. Na análise bivariada para o desfecho sepse tardia observou-se que, à medida que decresceram a idade gestacional e o peso ao nascer, houve aumento de sua prevalência. A duração de ventilação mecânica e de cateter central de inserção periférica por períodos iguais ou superiores respectivamente a 10 e 11 dias se associaram ao desfecho sepse neonatal tardia em 80,8% e 76,2% dos pré-termos. Na análise multivariada, permaneceu como fator associado à sepse tardia o tempo de cateter central de inserção periférica igual ou superior a 11 dias. Houve maior participação dos Gram-negativos como agentes etiológicos, sendo mais frequentes a Klebsiella pneumoniae e a Escherichia coli. CONCLUSÕES: A sepse tardia mantém-se uma preocupação por sua prevalência nas unidades de terapia intensiva e pela associação a procedimentos invasivos a que são submetidos os pré-termos. Ressaltam-se a tendência à emergência dos Gram-negativos na participação da sepse neonatal tardia e a necessidade de melhores e mais eficientes métodos para identificar os quadros de sepse comprovada.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(1):30-34
DOI 10.1590/S0103-507X2012000100005
OBJETIVOS: Sepse neonatal corresponde a uma síndrome complexa, causada por resposta inflamatória sistêmica descontrolada, associada a um foco infeccioso que pode determinar disfunção ou falência de um ou mais órgãos ou mesmo a morte. Apresenta incidência elevada em neonatos prematuros, sendo importante correlacionarmos fatores prognósticos para otimizar nosso diagnóstico precoce e resposta a terapêutica nestes pacientes. Este estudo teve por objetivo determinar a relação entre marcadores inflamatórios e parâmetros oxidativos com fatores prognósticos em sepse neonatal precoce. MÉTODOS: Foi realizado um estudo observacional, prospectivo e foram coletados os dados de 120 pacientes, da maternidade de hospital universitário. Foram incluídos na pesquisa neonatos prematuros (< 37 semanas de gestação) com pelo menos um outro fator de risco para sepse neonatal. Foram determinados os níveis de interleucina (IL)-6, IL-10, substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e de proteínas carboniladas em sangue do cordão umbilical e sua relação com gravidade de sepse. RESULTADOS: Os níveis das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e IL-6, mas não IL-10 e proteínas carboniladas, apresentaram correlação significativa com o escore de gravidade SNAPPE-II (r=0,385, p=0,017 e r=0,435 / p=0,02, respectivamente). Não houve relação dos marcadores com a mortalidade dos pacientes. CONCLUSÃO: Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e IL-6 têm uma correlação de média a moderada com o escore de gravidade SNAPPE-II, mas não com mortalidade.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2011;23(4):462-469
DOI 10.1590/S0103-507X2011000400011
OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo descrever o perfil sócio-demográfico e aspectos da qualificação profissional dos médicos intensivistas pediátricos do Estado do Rio de Janeiro (RJ), sudeste do Brasil. MÉTODOS: Estudo observacional, transversal e descritivo, realizado em unidades de tratamento intensivo neonatal, pediátrica e mista do RJ. Utilizou-se questionário semi-estruturado, anônimo e individual, respondido de modo voluntário pelos médicos das unidades que participaram do estudo. Foram considerados como perdas os questionários não devolvidos em 30 dias e excluídos os que tiveram menos de 75% das questões respondidas. As diferenças de formação entre intensivistas neonatais e pediátricos foram comparadas através do teste do Qui-quadrado, com nível de significância estabelecido em 5%. RESULTADOS: Participaram 410 médicos (84% mulheres, 48% entre 30-39 anos e 45% com renda mensal entre US$ 1,700.00 a 2,700.00). Destes, 40% trabalham exclusivamente na especialidade e 72% em mais de uma UTI. Em neonatologia, apenas 50% tiveram formação específica (residência ou especialização) e somente 33% tinham título de especialista nesta área de atuação, enquanto em medicina intensiva pediátrica apenas 27% tiveram formação específica e somente 17% tinham o título de especialista (P<0,0005 para ambas as comparações). A maioria (87%) participou de eventos científicos nos últimos 5 anos e 55% utilizavam a internet para atualização, porém apenas 25% tiveram alguma participação em pesquisa. A maioria (63%) referiu não estar satisfeita com a própria atuação profissional, 49% face às condições de trabalho, 23% por baixos salários e 18% por questões relacionadas à formação. CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo sugerem que a qualificação profissional dos médicos intensivistas neonatais e pediátricos do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, é deficiente, especialmente na área da medicina intensiva pediátrica, e o nível de satisfação com o exercício profissional é baixo, o que pode comprometer a qualidade da assistência prestada.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2011;23(3):327-334
DOI 10.1590/S0103-507X2011000300011
OBJETIVOS: Avaliar a eficácia de um programa para redução do nível de ruído na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Universitário de Santa Maria (UTIN/HUSM). MÉTODOS: O estudo foi realizado na UTIN/HUSM, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. A primeira etapa constou de contatos verbais informais com todos os profissionais que atuam no local durante os turnos da manhã, tarde e noite. Também foram distribuídos folhetos e afixados cartazes apontando a nocividade do ruído para o neonato e para os profissionais e ainda mudanças comportamentais capazes de levar à redução do ruído neste ambiente. As sugestões foram: evitar falar em volume elevado, manusear cuidadosamente as portinholas das incubadoras e manter os aparelhos de celular no modo silencioso. Após um mês foram aplicados questionários para avaliar as mudanças comportamentais ocorridas neste período. RESULTADOS. Após o desenvolvimento do programa a maioria dos profissionais caracterizou o ruído da UTIN/ HUSM como moderado. Verificou-se que 71,4% dos profissionais admitem que seus comportamentos geram ruído. A totalidade dos profissionais referiu acreditar na possibilidade de reduzir o ruído da UTIN/ HUSM e para isso sugeriram falar mais baixo, responder rapidamente aos alarmes e cuidado ao manipular os móveis, medidas que foram adotadas por todos eles. CONCLUSÃO: O programa para redução do ruído desenvolvido na UTIN/ HUSM obteve êxito na medida em que os profissionais passaram a ter cuidado para que seu comportamento não gerasse ruído desnecessário.