Resumo
Crit Care Sci. 2023;35(1):73-83
DOI 10.5935/2965-2774.20230374-pt
Compreender a percepção da comunicação médica e das necessidades de familiares com entes queridos em terapia intensiva.
O estudo foi principalmente qualitativo e exploratório, com análise temática dos comentários feitos por 92 familiares com entes queridos em unidades de terapia intensiva ao responderem entrevistas presenciais, incluindo o Quality of Communication Questionnaire e perguntas abertas sobre sua necessidade de mais ajuda, a adequação do local onde recebiam informações e outros comentários.
A média de idade dos participantes foi 46,8 anos (desviopadrão de 11,8), e a maioria deles era do sexo feminino, casada e tinha educação fundamental incompleta ou completa. Foram encontrados os seguintes temas: percepção das características da comunicação médica; sentimentos gerados pela comunicação; considerações sobre questões específicas do Quality of Communication Questionnaire; necessidades dos familiares; e estratégias para suprir as necessidades relativas à comunicação. As características que facilitaram a comunicação incluíram atenção e escuta. As características que dificultaram a comunicação incluíram aspectos de compartilhamento de informações, como linguagem inacessível; falta de clareza, objetividade, sinceridade e concordância entre a equipe; tempo limitado e localização inadequada. Sentimentos como vergonha, impotência e tristeza foram citados quando a comunicação era inadequada. As necessidades dos familiares relacionadas à comunicação incluíam mais detalhes do diagnóstico, do prognóstico e da condição de saúde do ente querido; participação na tomada de decisões e ser questionado sobre sentimentos, espiritualidade, morrer e morte. Outros estavam relacionados às visitas mais longas, ao apoio psicológico, à assistência social e à melhor infraestrutura.
É necessário otimizar a comunicação médica e a infraestrutura hospitalar para melhorar a qualidade da assistência a familiares.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(3):386-392
DOI 10.5935/0103-507X.20220446-en
Analisar a associação da cultura de segurança do paciente na percepção dos profissionais de enfermagem com os incidentes registrados durante as passagens de plantão de enfermagem nas unidades de terapia intensiva.
Estudo transversal que investigou a cultura de segurança do paciente medida pelo instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture. Estatísticas descritivas, teste do qui-quadrado, teste t de Student e modelo de regressão linear múltiplo foram analisados considerando o nível de significância de 5%.
O estudo relatou média de 3,1 (desvio-padrão de 0,4) para a cultura de segurança do paciente na percepção dos profissionais de enfermagem e 480 incidentes com e sem danos registrados nas passagens de plantão de enfermagem. As variáveis cultura de segurança do paciente com diferença entre médias de 0,543 (IC95% 0,022 - 1,065; p < 0,05) e técnicos de enfermagem com diferença entre médias de -0,133 (IC95% -0,192 - -0,074; p < 0,05) foram associadas aos incidentes registrados nas passagens de plantão de enfermagem, considerando ainda que os técnicos de enfermagem apresentaram menor tendência de registro que os enfermeiros.
O fortalecimento da cultura de segurança do paciente e dos aspectos tangentes aos profissionais de enfermagem representam uma possibilidade real de intervenção para favorecer os incidentes registrados durante as passagens de plantão de enfermagem nas unidades de terapia intensiva deste estudo.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(3):401-411
DOI 10.5935/0103-507X.20210050
Conhecer a percepção de pacientes sobre a comunicação médica, bem como suas necessidades durante internação na unidade de cuidados intensivos.
Estudo transversal descritivo e qualitativo exploratório, com 103 pacientes internados ou com alta recente da unidade de cuidados intensivos de quatro hospitais da Grande Florianópolis (SC). Foram estudadas variáveis sociodemográficas e clínicas dos pacientes, sua nota para qualidade da comunicação médica pelo Quality of Communication Questionnaire, seus comentários espontâneos com reflexões ou justificativas para as notas dadas e suas respostas sobre como se sentiam e que ajuda complementar gostariam de receber. Os dados quantitativos foram analisados com estatística descritiva e analítica e os qualitativos com análise de conteúdo temática.
A média do Quality of Communication Questionnaire foi 5,1 (desvio-padrão - DP = 1,3), sendo 8,6 (DP = 1,3) na subescala de comunicação geral e 2,1 (DP =1,8) na de terminalidade de vida. A linguagem médica teve compreensão variável. Alguns médicos pareciam “apressados”, segundo alguns pacientes. Outros pacientes gostariam de informações mais frequentes e detalhadas e/ou serem respeitados e levados “mais a sério” quando referiam sentir dor. Ansiedade, tristeza e/ou medo estavam entre os sentimentos referidos. Outras necessidades abrangeram silêncio, mais tempo para visitas, presença de acompanhante, atenção psicológica e de serviço social, banheiro que pudessem usar e melhor qualidade da comida na unidade de cuidados intensivos.
A qualidade da comunicação médica com os pacientes é boa e poderia melhorar com maior disponibilidade de tempo do médico e da equipe para ela. Outras necessidades sentidas incluem respeito, alívio da dor e adaptações na dinâmica e no ambiente da unidade de cuidados intensivos.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2011;23(4):448-454
DOI 10.1590/S0103-507X2011000400009
OBJETIVOS: O objetivo deste estudo foi avaliar o posicionamento dos familiares sobre a ortotanásia, ao considerar controle dos sintomas, preferência do paciente e influência da satisfação da comunicação do tratamento informado pela equipe médica. MÉTODOS: Foi realizado um estudo descritivo na unidade de terapia intensiva geral adulto do Hospital do Servidor Público Estadual durante o período de um ano. Utilizou-se um questionário estruturado, baseado no Quality of Dying and Death (QODD 22) e entrevista informal prévia. RESULTADOS: Foram avaliados 60 familiares, com 51,7 ± 12,1 anos, sendo 81,7 % do sexo feminino. Os pacientes estavam internados em média por 31 ± 26,9 dias, sendo que 17,0% dos dias na unidade de terapia intensiva. A maioria apresentava doença neurológica. A maioria dos pacientes (53,3%) discutiu o desejo de cuidados de final de vida com a família, mas 76,7% dos pacientes não discutiram com seu médico (p<0,00). Os familiares responderam a favor da ortotanásia em 83,3 %; a maioria (85,0%) gostaria que a equipe médica discutisse claramente o assunto e 65,0% desejavam participar do processo de decisão de qualidade de final de vida. Quanto à satisfação dos familiares em relação às informações médicas: 93,3% consideraram ter adequada freqüência na comunicação do estado clínico; 81,7% conseguiram tirar as dúvidas sobre o estado clínico do paciente; em 83,3% a comunicação foi compreendida e 80,0% consideraram terem recebido as informações com clareza e honestidade. Somente 43,3% dos familiares gostaria de presenciar o momento da morte de seu ente querido. Houve associação significativa do posicionamento dos familiares sobre ortotanásia e participação na decisão de final de vida (p = 0,042). CONCLUSÕES: A maioria dos familiares entrevistada foi a favor da ortotanásia, e gostaria de participar da tomada de decisão de qualidade de final de vida.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(2):112-117
DOI 10.1590/S0103-507X2010000200003
OBJETIVOS: A falha de comunicação entre os profissionais de saúde em centros de tratamento intensivo pode estar relacionada ao aumento de mortalidade dos pacientes criticamente doentes. Este estudo teve como objetivo avaliar se falhas de comunicação entre os médicos assistentes e os médicos rotineiros do centro de tratamento intensivo teriam impacto na morbidade e mortalidade dos pacientes críticos. MÉTODOS: Estudo de coorte incluindo pacientes não consecutivos admitidos no centro de tratamento intensivo durante 18 meses. Os pacientes foram divididos em 3 grupos conforme o hábito de comunicação de seus médicos assistentes com os médicos rotineiros: CD - comunicação diária da conduta (>75% dos dias); CE - comunicação eventual (25 a 75% dos dias); RC - rara comunicação (<25% dos dias). Foram coletados dados demográficos, escores de gravidade, motivo de internação no centro de tratamento intensivo, tempo de internação no centro de tratamento intensivo e intervenções realizadas nos pacientes. Foram analisadas as conseqüências da falha na comunicação entre os profissionais médicos (atraso na realização de procedimentos, na realização de exames diagnósticos, no início de antibioticoterapia, no desmame do suporte ventilatório e no uso de vasopressores) e inadequações de prescrição médica (ausência de cabeceira elevada, ausência de profilaxia medicamentosa para úlcera de estresse e para trombose venosa profunda) relacionando-as com o desfecho dos pacientes. RESULTADOS: Foram incluídos 792 pacientes no estudo, sendo agrupados da seguinte maneira: CD (n =529), CE (n =187) e RC (n =76). A mortalidade foi maior nos pacientes pertencentes ao grupo RC (26,3%) comparada aos demais (CD =13,6% e CE =17,1%; p <0,05). A análise multivariada demonstrou que o atraso no início de antibióticos [RR 1,83 (IC95%: 1,36 - 2,25)], o atraso no início do desmame ventilatório [RR 1,63 (IC95%: 1,25 - 2,04)] e a não prescrição de profilaxia para trombose venosa profunda [RR 1,98 (IC95%: 1,43 - 3,12)] contribuíram de forma independente para o aumento de mortalidade dos pacientes. CONCLUSÃO: A falta de comunicação entre médicos assistentes e rotineiros do centro de tratamento intensivo pode aumentar a mortalidade dos pacientes, principalmente devido ao atraso no início de antibióticos e no desmame da ventilação mecânica e a não prescrição de profilaxia para trombose venosa profunda.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):485-489
DOI 10.1590/S0103-507X2007000400014
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A angústia diante do morrer e o maior tempo de permanência dos pacientes críticos nas unidades de terapia intensiva (UTI) são fatores que têm levado a necessidade da melhoria da comunicação entre todos os envolvidos no tratamento desses enfermos, o que justifica esse trabalho, que visa a abordagem desse tema. CONTEÚDO: Foi utilizada a experiência da autora e foram revisados, através da MedLine, do UptoDate, do Google e da Revista Brasileira de Terapia Intensiva, os artigos escritos, nos últimos cinco anos, abordando os temas morte, comunicação, UTI. CONCLUSÕES: A adequada comunicação entre o médico, o paciente, seus familiares e a equipe multiprofissional da UTI é um dos principais fatores que interferem na satisfação, tanto dos pacientes quanto daqueles que trabalham nessa unidade. Para a adequada informação o médico intensivista deve ter a consciência dos seus limites terapêuticos curativos e deve aprender a tratar do paciente durante o processo do morrer. Dessa forma sentir-se-á seguro para falar sobre a morte. Seria ideal que o profissional responsável por fornecer a notícias fosse experiente, tanto do ponto de vista técnico quanto ético e que fosse, sempre que possível, o mesmo emissor. O principal envolvido no processo do morrer, pouco poderá influir. Entretanto, caso haja possibilidade de comunicação essa deverá ser realizada de forma simples, honesta e humana. A família do paciente tem o direito de estar ao lado daquele que ama e de ser informada, com constância, sobre a verdade do seu quadro clínico. Todos os atores do processo devem saber a verdade e as linhas terapêuticas escolhidas. A comunicação, idealmente, será efetuada em ambientes tranqüilos e reservados.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(4):481-484
DOI 10.1590/S0103-507X2007000400013
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O cuidado dos familiares é uma das partes mais importantes do cuidado global dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (UTI). No contexto de um paciente terminal ou no qual as perspectivas de recuperação são muito improváveis, esta face do cuidado assume uma importância ainda maior, pois na maioria das vezes o paciente não estará desperto, e será preciso lidar e cuidar dos seus familiares. Os familiares têm necessidades específicas e apresentam freqüências elevadas de estresse, distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação na UTI, e que muitas vezes persistem após a morte do seu ente querido. CONTEÚDO: Foram selecionados artigos sobre o cuidado de familiares de pacientes em situação de terminalidade na UTI publicados nos últimos 20 anos na PubMed. CONCLUSÕES: A literatura recente está repleta de evidências de que estratégias voltadas para os familiares como a melhoria da comunicação, da prevenção de conflitos e do conforto espiritual, para citar algumas, resultam em maiores satisfação e percepção da qualidade da assistência prestada ao paciente na UTI.