Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2):181-186
DOI 10.5935/0103-507X.20180032
Avaliar a calibração e a discriminação do APACHE IV no período pós-operatório de transplante renal.
Estudo clínico de coorte, que incluiu 986 pacientes adultos hospitalizados durante o período pós-operatório imediato de transplante renal em um único centro na Região Sul do Brasil.
Os pacientes de transplante renal que evoluíram para óbito no hospital tiveram APACHE IV significantemente mais elevado e maior mortalidade predita. O APACHE IV demonstrou calibração adequada (teste de Hosmer-Lemeshow: 11,24; p = 0,188) e boa discriminação, segundo a curva Característica de Operação do Receptor, que foi de 0,738 (IC95% 0,643 - 0,833; p < 0,001), embora tenha superestimado a taxa de mortalidade padronizada, que foi de 0,73 (IC95%: 0,24 - 1,42; p = 0,664).
O APACHE IV demonstrou desempenho adequado para predizer o desfecho no hospital no período pós-operatório de pacientes submetidos à transplante renal.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(4):436-443
DOI 10.5935/0103-507X.20170070
Definir frequência de doença por citomegalovírus dentre pacientes transplantados renais na unidade de terapia intensiva nos quais houve a suspeita desta complicação; identificar fatores predisponentes e possível impacto na evolução clínica.
Estudo retrospectivo observacional, no qual foram incluídos pacientes transplantados renais acima de 18 anos, internados por quaisquer motivos em uma unidade de terapia intensiva, com pelo menos uma coleta de antigenemia ou reação em cadeia da polimerase para citomegalovírus durante internação. Doença por citomegalovírus foi definida por antigenemia positiva ou reação em cadeia da polimerase acima de 500 cópias/mL, na presença de sintomas, no contexto clínico apropriado, conforme julgamento do médico assistente.
Foram incluídos 99 pacientes (idade: 53,4 ± 12,8 anos, 71,6% homens). A doença por citomegalovírus foi diagnosticada em 39 pacientes (39,4%). Sintomas respiratórios (51%), piora clínica inespecífica (20%) ou sintomas gastrintestinais (14%) foram os principais motivos para coleta de exames. O tempo de transplante foi menor naqueles com doença por citomegalovírus em relação àqueles sem este diagnóstico (6,5 meses e 31,2 meses; p = 0,001), bem como uso de pulsoterapia nos últimos 6 meses (41% e 16,9%; p = 0,008) e uso prévio de timoglobulina no último ano (35,9% e 6,8%; p < 0,001). No modelo de regressão logística, somente o tempo de transplante e o uso de timoglobulina associaram-se à maior frequência de citomegalovírus. Não houve diferença na evolução clínica entre pacientes com ou sem doença por citomegalovírus.
Em pacientes transplantados renais com suspeita de doença por citomegalovírus, a prevalência foi alta. O tempo de transplante menor que 6 meses e o uso de timoglobulina no último ano devem aumentar a suspeita do intensivista para esta complicação.