Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2006;18(4):418-422
DOI 10.1590/S0103-507X2006000400017
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A sepse grave representa a síndrome de resposta inflamatória sistêmica resultante de uma infecção, na presença de disfunção cardiovascular, síndrome do desconforto respiratório agudo ou duas ou mais disfunções orgânicas. Embora a mortalidade atribuída à sepse em crianças tenha sido reduzida de maneira significativa nas últimas décadas, a incidência de óbitos em recém-nascidos permanece elevada (20% a 40%), a despeito dos avanços em cuidados intensivos. O objetivo deste estudo foi descrever o caso de um recém-nascido com sepse, choque e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (DMOS) que se beneficiou do uso da proteína C ativada. RELATO DO CASO: Recém-nascido prematuro, do sexo masculino, nascido de cesariana em decorrência de ruptura prematura de membranas e sofrimento fetal agudo. Internado na UTI-Neonatal por insuficiência respiratória aguda secundária à pneumonia intra-útero. Recebeu assistência ventilatória, surfactante pulmonar exógeno e antibioticoterapia precocemente, evoluindo, no entanto, com hipertensão pulmonar persistente e choque. Houve difícil controle do quadro infeccioso, a despeito de ajustes no esquema de antibioticoterapia, evoluindo com DMOS. No 28º dia, foi iniciado o uso da proteína C ativada. O paciente evoluiu favoravelmente à medicação, com resolução das disfunções orgânicas e ausência de sangramentos. CONCLUSÕES: A proteína C ativada não pode ser prescrita de maneira rotineira no tratamento de recém-nascidos com sepse grave. No caso relatado, no entanto, acredita-se que ela tenha contribuído para a resolução das disfunções orgânicas apresentadas pelo paciente.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(2):210-215
DOI 10.1590/S0103-507X2007000200012
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A sepse é a expressão de uma complexa rede de mediadores. Falência de múltiplos órgãos e choque séptico são as principais causas de óbito nas unidades de terapia intensiva em todo o mundo. Indicadores biológicos como as citocinas, bem como centenas de outros indicadores celulares, moléculas bioativas circulantes ou produtos da coagulação são potenciais indicadores biológicos que poderão ser de grande utilidade no reconhecimento e tratamento da infecção e sepse. O objetivo deste estudo foi apresentar os principais indicadores que podem ser utilizados, atualmente ou possivelmente, no futuro, na prática clínica ou experimental. CONTEÚDO: Revisão dirigida da literatura sobre possíveis indicadores de infecção e sepse, com ênfase aos da cascata da coagulação, proteína C-reativa e procalcitonina. CONCLUSÕES: O papel da maioria dos indicadores biológicos não está ainda definido para uso na prática clínica. Todavia os níveis séricos de PCR e de procalcitonina podem ser de grande auxílio no diagnóstico e no prognóstico da infecção e da sepse quando usados em conjunto com os parâmetros convencionais.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(2):242-244
DOI 10.1590/S0103-507X2007000200018
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A sepse durante a gestação é uma complicação rara. O comprometimento fetal resulta principalmente da descompensação materna, por conseguinte, o tratamento deve ser direcionado ao bem-estar da mãe. Poucas evidências permitem extrapolar o tratamento de pacientes não gestantes para as gestantes, porém, o tratamento baseado no Surviving Sepsis Campaing parece adequado e prático. O objetivo deste estudo foi rever o tratamento da sepse na gestação e relatar um caso de gestante com sepse grave que evoluiu favoravelmente. RELATO DO CASO: Paciente com 22 anos, primigesta, na 27ª semana de gestação foi internada com diagnóstico de pielonefrite aguda. Um dia após a internação apresentou quadro de sepse, com hipoxemia refratária às medidas não-invasivas necessitando de intubação traqueal. Após a intubação evoluiu com hipotensão refratária à expansão volêmica necessitando de fármaco vasoativo. Foi interrompido o uso de noradrenalina no mesmo dia e prescrito cefepima. Evoluiu com importante melhora dos padrões ventilatórios, sendo extubada e recebeu alta hospitalar logo após completar o tratamento com antibiótico. Ao completar a 42ª semana de gestação foi internada para indução do trabalho de parto, sendo realizado parto vaginal, sem intercorrências. CONCLUSÕES: A sepse na gestação, mesmo sendo rara é potencialmente fatal. O tratamento foi baseado no Surviving Sepsis Campaign e a paciente apresentou melhora significativa dos parâmetros de perfusão nas primeiras horas com ótima evolução, apesar da gravidade da doença.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(1):14-22
DOI 10.1590/S0103-507X2007000100002
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O diagnóstico e o tratamento da sepse continuam a desafiar a todos; e desenvolver formas mais precisas de abordagem são absolutamente necessárias. O objetivo deste estudo foi empregar técnicas proteômicas, eletroforese bidimensional e espectrometria de massa, para verificar a expressão diferencial de proteínas, em soro de pacientes com sepse comparado com controles saudáveis. MÉTODO: Amostras de soro de 30 pacientes com sepse, causada por vários tipos de microorganismos e de 30 controles saudáveis foram obtidas para análise. A seguir, foram submetidas a 2D-SDS-PAGE, comparação entre géis, seleção de spots para excisão e digestão com tripsina, sendo os peptídeos analisados por MALDI TOF-TOF. Os espectros obtidos foram processados (Mascot-matrixscience) para identificação de proteínas no NCBInr Data Bank. RESULTADOS: A análise das imagens mostrou vários spots com expressão diferencial nos géis dos pacientes com sepse em relação aos controles. A identificação de proteínas em alguns destes spots encontrou: precursor Orosomucoide 1, Apolipoproteína A-IV, precursor Apolipoproteína A-IV, precursor Haptoglobina, Haptoglobina, proteína Zinc finger, Amilóide sérico A-1, Transtiretina, Nebulin, Complemento C4, Alfa1-Antitripsina, produto protéico não nominado e outros. CONCLUSÕES: Soros de pacientes com diferentes tipos de sepse expressam padrão protéico característico por 2D-SDS-PAGE comparado com controles. A maior expressão foi de proteínas de fase aguda e lipoproteínas. É possível que no futuro, com a proteômica, criar painel diagnóstico de proteínas, encontrar novos biomarcadores e alvos para intervenção terapêutica na sepse. Esta é a primeira descrição, com a proteômica, das alterações na expressão protéica, no soro de pacientes com sepse.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(1):23-30
DOI 10.1590/S0103-507X2007000100003
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Verificar a associação entre as características clínicas, epidemiológicas e laboratoriais com a mortalidade de pacientes com sepse, internados em UTI de hospital privado do estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil), a fim de melhorar o atendimento a essa população, através da identificação precoce dos pacientes com risco de desenvolver falência de órgãos. MÉTODO: Estudo de caso-controle aninhado a uma coorte prospectiva e observacional que incluiu os pacientes adultos admitidos na UTI com sepse ou que a desenvolveram durante a internação. Foram colhidos os dados epidemiológicos, avaliados os escores clínicos e exames laboratoriais como: D-dímero, antitrombina III, INR, contagem de plaquetas, sódio, albumina, lactato e creatinina, sendo analisada sua associação com a mortalidade. Os pacientes foram acompanhados até a alta da UTI ou óbito. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 199 pacientes. Após regressão logística, apenas o tempo de internação na UTI maior que 72h, a presença de doença crônica associada, o número de órgãos acometidos superior a três e o lactato maior que 4 mmol/L estiveram associados com a mortalidade. Com relação à associação com o intervalo de tempo para o óbito, apenas o escore SOFA foi significativo, pois um terço dos pacientes com pontuação superior a 12 foram a óbito em menos de 72h. CONCLUSÕES: Os pacientes admitidos com sepse na UTI provenientes da comunidade (tempo de internação hospitalar < 72 horas) apresentaram melhor prognóstico, os pacientes com maior número de órgãos com disfunção apresentaram risco de óbito mais elevado. Laboratorialmente apenas o lactato elevado esteve associado com a mortalidade.