Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):484-491
DOI 10.5935/0103-507X.20220264-en
Conhecer dados sobre recusa de leitos nas unidades intensivas no Brasil, assim como avaliar o uso de sistemas de triagem pelos profissionais atuantes.
Estudo transversal do tipo survey. Com a metodologia Delphi, foi criado um questionário contemplando os objetivos do trabalho. Foram convidados médicos e enfermeiros inscritos na rede de pesquisa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIBnet). Uma plataforma da web (SurveyMonkey®) foi a forma de aplicação do questionário. As variáveis deste trabalho foram mensuradas em categorias e expressas como proporção. Foram usados o teste do qui-quadrado ou o teste exato de Fisher, para verificar associações. O nível de significância foi de 5%.
No total, 231 profissionais responderam o questionário, representando todas as regiões do país. As unidades intensivas nacionais tinham mais de 90% de taxa de ocupação sempre ou frequentemente para 90,8% dos participantes. Dentre os participantes, 84,4% já deixaram de admitir pacientes em leito intensivo devido à lotação da unidade. Metade das instituições brasileiras (49,7%) não possuía protocolos de triagem de leitos intensivos instituídos.
A recusa de leito pela alta taxa de ocupação é frequente nas unidades de terapia intensiva do Brasil. Ainda assim, metade dos serviços do Brasil não adota protocolos para triagem de leitos.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(3):412-417
DOI 10.5935/0103-507X.20200070
Avaliar o tempo de desocupação e ocupação dos leitos na unidade de terapia intensiva; analisar os intervalos entre os tempos durante o período do dia e da noite, finais de semana e feriados e identificar preditores para os tempos de desocupação e ocupação.
Estudo transversal, de natureza observacional, descritivo, analítico e inferencial. Foram analisados 700 registros de desocupação-ocupação em 54 leitos na unidade de terapia intensiva adulto de um hospital da rede pública de Sergipe, entre janeiro e dezembro de 2018. O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para comparações entre grupos. Diversos modelos preditivos de tempo de permanência foram elaborados. A razão de taxa de incidência foi utilizada como estimativa de tamanho do efeito.
Durante o período do estudo, houve 13.477 solicitações de vaga na unidade de terapia intensiva para os 54 leitos, e apenas 5% (700 pacientes) conseguiram o acesso ao leito. Os tempos de desocupação-ocupação tiveram valores menores quando a ocupação do leito era realizada no período noturno (razão de taxa de incidência de 0,658; IC95% 0,550 - 0,787; p < 0,0001) e oferta nos finais de semana (razão de taxa de incidência de 0,566; IC95% 0,382 - 0,838; p = 0,004). O sexo feminino (razão de taxa de incidência de 0,749; IC95% 0,657 - 0,856; p < 0,0001) foi um preditor de menor tempo de desocupação-ocupação. Esse tempo tende a aumentar com a idade do paciente (razão de taxa de incidência de 1,006; IC95% 1,003 - 1,009; p < 0,0001).
Identificaram-se disparidades no tempo de espera para a ocupação do leito, sendo maior no período diurno e em dias úteis. Mulheres e pacientes mais jovens são beneficiados por um processamento mais rápido no tempo de desocupação-ocupação.