Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(3):474-478
DOI 10.5935/0103-507X.20200078
Este relato de caso detalha um caso grave de febre amarela complicada por insuficiência hepática e coagulação intravascular disseminada. A tromboelastometria foi capaz de identificar os distúrbios da coagulação e orientar o tratamento hemostático. Relatamos o caso de um homem com 23 anos de idade admitido na unidade de terapia intensiva com quadro com início abrupto de febre e dor muscular generalizada associados a insuficiência hepática e coagulação intravascular disseminada. Os resultados dos exames laboratoriais convencionais revelaram trombocitopenia, enquanto a tromboelastometria sugeriu coagulopatia com discreta hipofibrinogenemia, consumo de fatores de coagulação e, consequentemente, aumento do risco de sangramento. Diferentemente dos exames laboratoriais convencionais, a tromboelastometria identificou o distúrbio de coagulação específico e, assim, orientou o tratamento hemostático. Administraram-se concentrados de fibrinogênio e vitamina K, não sendo necessária a transfusão de qualquer componente do sangue, mesmo na presença de trombocitopenia. A tromboelastometria permitiu a identificação precoce da coagulopatia e ajudou a orientar a terapêutica hemostática. A administração de fármacos hemostáticos, incluindo concentrados de fibrinogênio e vitamina K, melhorou os parâmetros tromboelastométricos, com correção do transtorno da coagulação. Não se realizou transfusão de hemocomponentes, e não ocorreu qualquer sangramento.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(3):394-397
DOI 10.5935/0103-507X.20180056
A transfusão de concentrado de plaquetas é prática comum para prevenção de sangramento espontâneo ou decorrente de procedimentos invasivos; sabe-se que a transfusão de componentes alogênicos do sangue se associa a aumento da mortalidade e piora do desfecho clínico. A força do coágulo é avaliada por meio da tromboelastometria rotacional e determinada pela interação entre plaquetas e fibrinogênio. O efeito compensatório do incremento na concentração sérica de fibrinogênio na força do coágulo, em pacientes com trombocitopenia, tem sido demonstrado em diferentes contextos clínicos, incluindo sepse. Relatamos o caso de uma paciente com trombocitopenia grave, cujo resultado da tromboelastometria rotacional demonstrou efeito compensatório na força do coágulo determinada pelos níveis plasmáticos aumentados de fibrinogênio como reagente de fase aguda em pacientes sépticos. Relatamos o caso de uma paciente de 62 anos com diagnóstico de aplasia de medula óssea admitida a uma unidade de terapia intensiva com choque séptico e trombocitopenia grave. Nas primeiras 24 horas na unidade de terapia intensiva, ela apresentou quadro clínico de insuficiência respiratória aguda e choque. Foi necessário utilizar ventilação mecânica invasiva e fármaco vasoativo. A radiografia de tórax mostrou padrão de lesão pulmonar bilateral. Desta forma, foi solicitada broncoscopia com lavagem broncoalveolar para investigação diagnóstica. Conduziu-se uma tromboelastometria rotacional, e seu resultado mostrou perfil de coagulação normal. Apesar da trombocitopenia grave (1.000/mm3), os níveis de fibrinogênio aumentaram (1.050mg/dL) devido ao choque séptico. A broncoscopia foi realizada sem que subsequentemente ocorresse sangramento ativo. Este caso relata o uso da tromboelastometria como ferramenta diagnóstica em distúrbios da coagulação de pacientes graves, permitindo prevenir o uso desnecessário de transfusões profiláticas de concentrado de plaquetas.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(1):35-42
DOI 10.1590/S0103-507X2012000100006
OBJETIVO: Demonstrar associação da trombocitopenia e do comportamento das plaquetas, com a mortalidade em pacientes sépticos. MÉTODOS: Foram selecionados os pacientes que apresentaram critérios de sepse na admissão ou em qualquer momento no curso da internação e excluídos os que ficaram menos de 24h internados. A trombocitopenia foi definida como contagem plaquetária abaixo de 150.000/mm³ e a recuperação, definida como retorno da contagem para níveis acima de 150.000/mm³ após trombocitopenia. Observaram-se variáveis de prognóstico na admissão (APACHE II), contagem plaquetária durante os dias de internação e desfecho. RESULTADOS: Dos 56 pacientes, 34 desenvolveram trombocitopenia no curso da sepse (Grupo 1). A mortalidade nesse grupo foi de 76,4%, e entre os não trombocitopênicos (Grupo 2) de 40,9%, (RR 1,87; IC 95% 1,12 - 3,12; p = 0,0163). Em 44,1% dos pacientes do Grupo 1, houve queda > 50% das plaquetas em relação à admissão, e desses, 93,3% evoluíram para óbito (RR 1,48; IC 95% 0,93 - 2,36; p = 0,0528). Entre os pacientes do Grupo 1 que apresentaram recuperação na contagem plaquetária, 53,3% sobreviveram, e dos que mantiveram trombocitopenia sem recuperação, 100% evoluíram para óbito (RR 2,14; IC 95% 1,35 - 3,39; p = 0,0003). Entre os pacientes com APACHE II > 22, os trombocitopênicos apresentaram mortalidade de 81,8% (p = 0,25) contra nenhuma morte entre os não trombocitopênicos, enquanto no grupo com APACHE II ≤ 22, a mortalidade dos trombocitopênicos foi de 74% (p = 0,0741) contra 42,8% dos não trombocitopênicos. CONCLUSÃO: A trombocitopenia, bem como seu comportamento evolutivo com queda >50% ou não recuperação, mostraram-se fatores de mau prognóstico no grupo de pacientes sépticos estudado.