Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2021;33(2):276-281
DOI 10.5935/0103-507X.20210035
Avaliar a expressão sérica da proteína 1 relacionada à uteroglobulina na fase inicial após lesões por inalação de fumaça e sua associação com a gravidade da lesão por inalação em pacientes queimados.
A lesão por inalação de fumaça ou produtos químicos se associa com morbidade e mortalidade. As consequências da inalação resultam de uma resposta inflamatória. A proteína 1 relacionada à uteroglobulina é anti-inflamatória e pode melhorar a inflamação pulmonar. Nossa hipótese é que os níveis de proteína 1 relacionada à uteroglobulina podem refletir a gravidade da doença e predizer o desfecho em pacientes com lesão por inalação. Incluíram-se prospectivamente neste estudo 16 pacientes com diagnóstico de síndrome do desconforto respiratório agudo decorrente de lesão por inalação de fumaça. Em todos os pacientes, colheu-se amostra de plasma quando da admissão à unidade de terapia intensiva, para avaliar a gravidade da lesão por inalação dentro de 72 horas. Os níveis plasmáticos de proteína 1 relacionada à uteroglobulina foram determinados em duplicata por meio de ensaio de imunoabsorção ligado à enzima.
A média de idade foi de 23 ± 5 anos, e a distribuição da lesão por inalação foi: três em grau 1, quatro em grau 2 e nove em grau 3. O nível de proteína 1 relacionada à uteroglobulina foi relacionado ao grau de severidade (grau 1: 0,389 ± 0,053 unidade arbitrária versus grau 2: 0,474 ± 0,0423 unidade arbitrária versus grau 3: 0,580 ± 0,094 unidade arbitrária; p = 0,007).
Os níveis plasmáticos de proteína 1 relacionada à uteroglobulina se associam com o grau da lesão pulmonar por inalação.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(3):393-402
DOI 10.5935/0103-507X.20190062
Revisar as evidências científicas que reportem o período de início da nutrição enteral na população pediátrica vítima de queimadura e seus achados.
Revisão sistemática e metanálise de estudos clínicos randomizados comparando nutrição enteral precoce e nutrição enteral tardia em indivíduos de 1 mês de idade a 18 anos com queimaduras. As bases de dados MEDLINE/PubMed, Embase e Cochrane Library foram acessadas utilizando os termos "burns", "fires", "child nutrition disorders", "nutritional support" e termos relacionados.
Três artigos foram identificados, sendo incluídos 781 pacientes. Não houve diferença significativa na taxa de mortalidade entre os grupos precoce e tardio (RC = 0,72; IC95% 0,46 - 1,15; p = 0,17). Pacientes que receberam nutrição enteral precoce tiveram o tempo de internação reduzido em 3,69 dias (diferença média = -3,69; IC95% -4,11 - -3,27; p < 0,00001). Houve maior incidência de diarreia e vômito, além de diminuição da permeabilidade intestinal no grupo precoce. Esse grupo também apresentou concentração maior de insulina sérica e relação insulina/glucagon, além de menor déficit calórico e perda ponderal em comparação com o grupo controle.
As análises das diferentes variáveis intragrupos sugerem a importância de iniciar o suporte nutricional de forma precoce. A necessidade de estudos robustos com maior impacto científico é importante, considerando o número de casos de queimaduras em pacientes pediátricos.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(3):333-337
DOI 10.5935/0103-507X.20180045
Analisar as características e a evolução de crianças internadas por queimaduras em unidade de terapia intensiva de trauma pediátrico para atendimento de queimados.
Estudo observacional, por meio da análise retrospectiva de crianças (< 16 anos) admitidas na unidade de terapia intensiva de trauma pediátrico vítimas de queimaduras, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2015. Foram analisadas variáveis sociodemográficas e clínicas: agente causal, superfície corporal queimada, presença de lesão inalatória, tempo de internação hospitalar e mortalidade.
Foram avaliados 140 pacientes, sendo 61,8% do sexo masculino, com mediana da idade de 24 meses e mortalidade geral de 5%. A principal causa de queimadura foi escaldamento (51,4%), seguida de acidente com fogo (38,6%) e choque elétrico (6,4%). Ventilação mecânica foi utilizada em 20,7% dos casos. Lesão inalatória associada apresentou risco relativo de 6,1 (3,5 - 10,7) para necessidade de suporte ventilatório e risco relativo para mortalidade de 14,1 (2,9 - 68,3) quando comparados aos pacientes sem esta lesão associada. Houve significativa associação entre a superfície queimada e a mortalidade (p < 0,002), atingindo 80% nos pacientes com mais de 50% de área queimada. Os pacientes que evoluíram ao óbito apresentaram Tobiasen's Abbreviated Burn Severity Index significativamente maior que os sobreviventes (9,6 ± 2,2 versus 4,4 ± 1,1; p < 0,001). Tobiasen's Abbreviated Burn Severity Index ≥ 7 representou risco relativo para morte de 68,4 (IC95% 9,1 - 513,5).
As queimaduras por escaldamento são bastante frequentes e estão associadas à alta morbidade. A mortalidade está associada à superfície corporal queimada e à presença de lesão inalatória. Ênfase especial deve ser dada aos acidentes por fogo, reforçando o diagnóstico e o tratamento adequados da lesão inalatória.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(1):15-20
DOI 10.5935/0103-507X.20180001
Avaliar a frequência de hipertensão intra-abdominal no paciente grande queimado e sua associação com a ocorrência de injúria renal aguda.
Estudo de coorte prospectivo, com população de pacientes queimados internados nos leitos de unidade de terapia intensiva especializada. Realizada amostragem de conveniência de pacientes adultos internados no período de 1º de agosto de 2015 a 31 de outubro de 2016. Foram coletados dados clínicos e da queimadura, além de medidas seriadas da pressão intra-abdominal. O nível de significância utilizado foi de 5%.
Foram analisados 46 pacientes. Evoluíram com hipertensão intra-abdominal 38 pacientes (82,6%). A mediana da maior pressão intra-abdominal foi 15,0mmHg (intervalo interquartílico: 12,0 - 19,0). Desenvolveram injúria renal aguda 32 (69,9%) pacientes. A mediana do tempo para desenvolvimento de injúria renal aguda foi de 3 dias (intervalo interquartílico: 1 - 7). A análise individual de fatores de risco para injúria renal aguda apontou associação com hipertensão intra-abdominal (p = 0,041), uso de glicopeptídeos (p = 0,001), uso de vasopressor (p = 0,001) e uso de ventilação mecânica (p = 0,006). Foi evidenciada associação de injúria renal aguda com maior mortalidade em 30 dias (log-rank, p = 0,009).
Ocorreu hipertensão intra-abdominal em grande parte dos pacientes estudados, predominantemente nos graus I e II. Os fatores de risco identificados para ocorrência de injúria renal aguda foram hipertensão intra-abdominal, uso de glicopeptídeos, vasopressor e ventilação mecânica. Injúria renal aguda esteve associada à maior mortalidade em 30 dias.