Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(2):167-172
DOI 10.1590/S0103-507X2012000200012
OBJETIVO: Avaliar a utilização de equipamentos para realização de ventilação não invasiva em pacientes crônicos traqueostomizados com desmame prolongado. MÉTODOS: Estudo observacional retrospectivo, por meio de levantamento de dados de prontuários, em pacientes traqueostomizados com diagnóstico de desmame prolongado, os quais estiveram internados na unidade de terapia intensiva para adultos do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), no período de dezembro de 2007 a dezembro de 2008. RESULTADOS: Durante o período pré-estabelecido para a coleta dos dados, 1.482 pacientes estiveram internados na unidade de terapia intensiva. Destes, 126 pacientes foram traqueostomizados e 26 preencheram os critérios de inclusão no estudo. A média idade dos pacientes foi de 73 ± 12 anos, 57,7% eram do gênero feminino e 80,8% dos casos internaram por insuficiência respiratória aguda hipoxêmica. Após a realização de traqueostomia, os pacientes permaneceram, em média, 29,8 dias ainda em ventilação mecânica e, após o início do protocolo nos traqueostomizados, 53,5 dias em ventilação com ventilador portátil de ventilação não invasiva na traquestomia até a alta, desmame da ventilação não invasiva ou óbito durante a internação na unidade de terapia intensiva ou no hospital. De todos os pacientes protocolados, 76,9% (20/26) receberam alta da unidade de terapia intensiva e 53,8% (14/26) alta hospitalar. CONCLUSÃO: A utilização de ventiladores portáteis utilizados para a realização de ventilação não invasiva conectados a traqueostomia pode ser uma alternativa para a descontinuação da ventilação e alta da unidade de terapia intensiva em pacientes traqueostomizados com desmame ventilatório prolongado.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2011;23(2):199-206
DOI 10.1590/S0103-507X2011000200013
OBJETIVOS: Entre 10% e 20% das crianças submetidas a ventilação mecânica na unidade de terapia intensiva terão falha da extubação. Foram discutidos diversos índices ventilatórios para prever falha da extubação. O objetivo deste estudo foi analisar a acurácia destes índices para prever extubação bem sucedida em crianças e avaliar estas variáveis segundo a idade e doença específica. MÉTODOS: Este foi um estudo prospectivo observacional que incluiu todas as crianças submetidas a ventilação mecânica em uma unidade de terapia intensiva pediátrica de referência no Brasil realizado entre agosto de 2007 e agosto de 2008. Foram medidos antes da extubação o volume corrente, máxima pressão inspiratória negativa, índice de respiração rápida e superficial e outros índices ventilatórios. Estas variáveis foram analisadas segundo o desfecho da extubação (sucesso ou falha) assim como em relação à idade e doença específica (pós-cirurgia cardíaca e bronquiolite viral aguda). RESULTADOS: Foram incluídos 100 pacientes (idade mediana de 2,1 anos). Foi observada falha da extubação em 13%, que foi associada a baixo peso (10,3 ± 8,1 kg versus 5,5 ± 2,4 kg; p=0,01) e com a principal causa para indicação de ventilação mecânica: crianças em pós-operatório de cirurgia cardíaca (n=17) tiveram um índice de falha da extubação de 29,4%, com um risco relativo de 4,6 (1,2-17,2) em comparação com crianças com bronquiolite aguda (n=47; taxa de falha da extubação de 6,4%). A pressão inspiratória máxima foi a única variável fisiológica independentemente associada com o desfecho. Entretanto, esta variável demonstrou uma ampla dispersão e falta de acurácia para prever o sucesso da extubação (sensibilidade de 82% e especificidade de 55% para um ponto de corte de -37,5 cmH2O para prever sucesso). A mesma ampla dispersão foi observada para os demais índices ventilatórios. CONCLUSÃO: Os índices disponíveis para prever o sucesso da extubação em crianças submetidas a ventilação mecânica não são acurados; eles têm uma ampla variabilidade que depende da idade, doença de base e outros aspectos clínicos. Devem ser desenvolvidas novas fórmulas que incluam variáveis clínicas para melhor previsão da extubação em crianças submetidas a ventilação mecânica.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(1):47-52
DOI 10.1590/S0103-507X2010000100009
OBJETIVOS: A traqueostomia é frequentemente realizada com a finalidade de favorecer o desmame da ventilação mecânica. No entanto, não se conhece o real impacto da traqueostomia nos diversos grupos de pacientes em nosso meio. O objetivo deste trabalho foi avaliar características epidemiológicas dos pacientes submetidos à traqueostomia na unidade de terapia intensiva da Santa Casa de Belo Horizonte e traçar paralelos com outros estudos semelhantes. MÉTODOS: Estudo descritivo, retrospectivo, através de revisão de prontuários e banco de dados do sistema "QuaTI" (Qualidade em Terapia Intensiva) de 87 pacientes traqueostomizados no ano de 2007. RESULTADOS: A análise dos 87 pacientes estudados mostrou média de idade de 58 ± 17 anos, média do APACHE II de 18 ± 6, tempo médio de intubação orotraqueal de 11,17 ± 4,78 dias, mortalidade na unidade de terapia intensiva de 40,2% e mortalidade hospitalar geral de 62,1%. A média de idade dos pacientes que faleceram na unidade de terapia intensiva (65 ± 17 anos) foi maior que a daqueles que receberam alta (53 ± 16 anos)p = 0,003. A média de idade dos indivíduos que faleceram no hospital (62 ± 17anos) foi maior que a dos sobreviventes (52 ± 16 anos) p = 0,008. A senilidade (idade maior ou igual a 65 anos) constituiu fator relacionado a mortalidade na unidade de terapia intensiva (OR 2,874, IC 1,165 a 7,088 p = 0,020) e à mortalidade hospitalar geral (OR 3,202, IC 1,188 a 8,628 p = 0,019). Não foram observadas outras variáveis associados a mortalidade. CONCLUSÕES: O perfil epidemiológico de pacientes traqueostomizados na unidade de terapia intensiva deste estudo revelou elevada taxa de mortalidade ao se comparar com estudos internacionais. A senilidade esteve relacionada a pior desfecho nestes pacientes. Não foram identificados outros aspectos relacionados a mortalidade no grupo estudado.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(3):292-298
DOI 10.1590/S0103-507X2009000300009
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: Frações inspiradas de oxigênio (FiO2) < 40% são recomendadas durante o desmame ventilatório se pressão arterial de oxigênio (PaO2)/FiO2 >150-200 mmHg, O objetivo desse estudo foi comparar as variáveis respiratórias e os dados vitais coletados durante a utilização de uma FiO2 suficiente para manter a saturação periférica de oxigênio em 92% (ideal) com aquelas coletadas durante uma FiO2 rotineiramente ajustada em 40% (basal) em pacientes sob desmame ventilatório. MÉTODOS: Estudo prospectivo cruzado. As variáveis freqüência respiratória, volume corrente, pressão de oclusão, relação tempo inspiratório/tempo total, pressão arterial e freqüência cardíaca foram coletados, seqüencialmente, aos 30 e 60 minutos sob FiO2 basal (40%) e, em seguida sob FiO2 ideal. Essas foram comparadas pelo modelo linear generalizado para medidas repetidas. Para comparar os valores basal e ideal da FiO2 e da PaO2 foram utilizados os testes t Student ou Wilcoxon. RESULTADOS: Em 30 pacientes adultos a mediana da FiO2 ideal foi 25% (IQ25%-75% 23-28), significativamente menor que a basal (40%) (p< 0,001). A relação PaO2/FiO2 não apresentou diferença significativa entre a FiO2 basal (269±53) e a FiO2 ideal (268±47). O volume corrente foi significativamente menor durante a utilização da FiO2 ideal (p=0,003) e a pressão arterial foi significativamente maior durante a utilização da FiO2 ideal (p=0,041), mas sem significância clínica. A FiO2 ideal não influenciou as demais variáveis. CONCLUSÃO: Esses resultados sugerem que níveis de FiO2 suficientes para manter uma SpO2>92% não alteraram o padrão respiratório ou provocaram alterações clínicas em pacientes sob desmame ventilatório.