Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(4):536-540
DOI 10.5935/0103-507X.20190064
Descrever a ocorrência de delirium em pacientes com câncer internados em unidade de terapia intensiva, segundo características clínicas e demográficas.
Estudo retrospectivo realizado com 135 adultos internados na unidade de terapia intensiva de um hospital público especializado em oncologia, localizado na cidade do Rio de Janeiro, entre os meses de janeiro e março de 2016. Foram utilizados o teste exato de Fischer e o teste de associação linear para identificar diferenças estatisticamente significativas na ocorrência de delirium entre, respectivamente, variáveis categóricas e ordinais, considerando valor de p < 0,05.
A ocorrência global de delirium foi igual a 39,3%, sendo foi mais frequente entre pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com performance status que requeria grande assistência/acamado, internaram na unidade de terapia intensiva por problemas clínicos, em uso de drogas sedativas, submetidas à quimioterapia, e permaneceram 8 ou mais dias internados na unidade de terapia intensiva. Considerando apenas os pacientes sob ventilação mecânica, a ocorrência global de delirium foi de 64,6%, e apenas o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva ≥ 8 dias mostrou diferença estatisticamente significativa.
A ocorrência de delirium em pacientes críticos com câncer é elevada. Considerando apenas aqueles sob ventilação mecânica, a ocorrência desse fenômeno é ainda maior.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(1):50-56
DOI 10.5935/0103-507X.20180010
Descrever a incidência e os fatores de risco para delirium na unidade de terapia intensiva de um hospital terciário de ensino na Argentina, e conduzir o primeiro estudo não europeu para explorar o desempenho do modelo PREdiction of DELIRium in ICu Patients (PRE-DELIRIC).
Estudo prospectivo observacional em uma unidade de terapia intensiva com 20 leitos localizada em um hospital terciário de ensino em Buenos Aires, Argentina. O modelo PRE-DELIRIC foi aplicado a 178 pacientes consecutivos dentro de 24 horas após sua admissão à unidade de terapia intensiva. Avaliou-se o delirium com uso da ferramenta Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit (CAM-ICU).
A média de idade foi de 64,3 ± 17,9 anos. O tempo mediano de permanência na unidade de terapia intensiva foi de 6 dias (variação entre 2 e 56 dias). Dentre o total de pacientes, 49/178 (27,5%) desenvolveram delirium, definido como avaliação positiva segundo a CAM-ICU, durante a permanência na unidade de terapia intensiva. Os pacientes no grupo com delirium eram significantemente mais velhos e tinham escore Acute Physiological and Chronic Health Evaluation II (APACHE II) significantemente mais elevado. A taxa de mortalidade na unidade de terapia intensiva foi de 14,6%; não se observou diferença significante entre os dois grupos. Os fatores preditivos para desenvolvimento de delirium foram idade mais avançada, tempo prolongado de permanência na unidade e uso de opioides. A área sob a curva para o modelo PRE-DELIRIC foi de 0,83 (IC95%: 0,77 - 0,90).
A incidência observada de delirium salienta a importância deste problema no ambiente da unidade de terapia intensiva. Neste primeiro estudo conduzido fora da Europa, o PRE-DELIRIC previu de forma precisa o desenvolvimento de delirium.