Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2022;34(4):452-460
DOI 10.5935/0103-507X.20220087-en
Verificar a relação entre área de secção transversa do reto femoral e excursão diafragmática com sucesso no desmame da ventilação mecânica em pacientes críticos crônicos com traqueostomia.
Este foi um estudo de coorte observacional prospectivo. Incluímos pacientes críticos crônicos (aqueles submetidos à colocação de traqueostomia após 10 dias de ventilação mecânica). A área de secção transversa do reto femoral e a excursão diafragmática foram obtidas por ultrassonografia realizada dentro das primeiras 48 horas após a traqueostomia. Medimos a área de secção transversa do reto femoral e a excursão diafragmática para avaliar sua associação com o desmame da ventilação mecânica, incluindo sua capacidade de prever o sucesso no desmame e a sobrevida durante toda a internação na unidade de terapia intensiva.
Foram incluídos 81 pacientes. Quarenta e cinco pacientes (55%) foram desmamados da ventilação mecânica. A mortalidade foi de 42% e 61,7% na unidade de terapia intensiva e hospitalar, respectivamente. O grupo que falhou em relação ao grupo que obteve sucesso no desmame apresentou menor área transversa do reto femoral (1,4 [0,8] versus 1,84 [0,76]cm2, p = 0,014) e menor excursão diafragmática (1,29 ± 0,62 versus 1,62 ± 0,51cm, p = 0,019). Quando a área de secção transversa do reto femoral ≥ 1,80cm2 e a excursão diafragmática ≥ 1,25cm era uma condição combinada, apresentava forte associação com sucesso no desmame (RC ajustada de 20,81; IC95% 2,38 - 182,28; p = 0,006), mas não com sobrevida na unidade de terapia intensiva (RC ajustada de 0,19; IC95% 0,03 - 1,08; p = 0,061).
O sucesso no desmame da ventilação mecânica em pacientes críticos crônicos foi associado a medidas maiores de área de secção transversa do reto femoral e da excursão diafragmática.
Resumo
Rev Bras Ter Intensiva. 2012;24(2):188-196
DOI 10.1590/S0103-507X2012000200016
OBJETIVO: Analisar os desfechos propiciados pela fisioterapia motora em pacientes críticos assistidos em unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Por meio de uma revisão sistemática da literatura, foram admitidos ensaios clínicos publicados entre 2002 e 2011. A busca envolveu as bases de dados LILACS, SciELO, MedLine, EMBASE e Cochrane, usando os descritores "intensive care unit", "physiotherapy", "physical therapy", "mobility", "mobilization" e "randomized controlled trials". Dois pesquisadores independentes realizaram a triagem dos artigos, tendo incluído trabalhos que abordassem a ação da fisioterapia em pacientes críticos. RESULTADOS: De uma análise inicial de 67 artigos potencialmente relevantes, apenas 8 contemplaram os critérios de seleção e abordaram os desfechos provenientes das técnicas de eletroestimulação, cicloergômetro e cinesioterapia. O tamanho amostral variou de 8 a 101 sujeitos, com média de idade entre 52 e 79 anos. Todos os pacientes estavam sob ventilação mecânica invasiva. Dos artigos analisados, seis indicaram benefícios significativos da fisioterapia motora em pacientes críticos, como melhora na força muscular periférica, capacidade respiratória e na funcionalidade. CONCLUSÃO: Por meio desta revisão sistemática, foi possível concluir que a fisioterapia motora consiste em uma terapia segura e viável em pacientes críticos, podendo minimizar os efeitos deletérios da imobilização prolongada. A abordagem envolvendo eletroestimulação, cicloergômetro e cinesioterapia motora mostrou respostas positivas no paciente sob terapia intensiva. O nível de evidencia atualmente disponível a cerca do impacto da ação da fisioterapia motora sobre tempo de permanência na unidade de terapia intensiva e mortalidade ainda é baixo sendo necessários novos estudos.