Publicações de acesso aberto: uma faca de dois gumes para pesquisadores de cuidados intensivos em países de baixa e média renda - Critical Care Science (CCS)

Editorial

Publicações de acesso aberto: uma faca de dois gumes para pesquisadores de cuidados intensivos em países de baixa e média renda

Modelo de acesso aberto e países de baixa e média renda

As revistas de AA geralmente isentam os pesquisadores de países de baixa renda das taxas de publicação, e essa isenção parece favorecer a publicação de artigos de pesquisadores da África subsaariana.() No entanto, a produção de pesquisas científicas de alta qualidade nesses ambientes é desafiadora e, muitas vezes, financiada por agências como National Institutes of Health (NIH), Wellcome e a Fundação Gates; consequentemente, o impacto da isenção das taxas de processamento de artigos (TPAs) sobre a saúde financeira dos editores é mínimo. Por outro lado, os pesquisadores de países de renda média não recebem isenções de TPAs para publicar artigos de AA. Entre 1996 e 2022, dos 20 principais países em número de publicações, cinco pertenciam a essa categoria de renda (China, Índia, Rússia, Brasil e Turquia) e foram responsáveis por 27% de todas as publicações, de acordo com o portal SCImago.() Um estudo que abrangeu os periódicos da Elsevier mostrou que as TPAs são uma barreira para a publicação de AA.()

Três das dez principais revistas de cuidados intensivos que publicam exclusivamente em formato de AA (Critical Care, Annals of Intensive Care e Journal of Intensive Care) tinham TPA entre US$ 2.490 e US$ 3.790 em 2023. Após a correção da paridade do poder de compra, conforme calculado pela Organization for Economic Co-operation and Development (OECD) em 2022,() essas taxas corresponderiam à faixa de R$ 6.300 a R$ 9.600. Esses custos corresponderiam de 4,7 a 7,2 vezes o salário mínimo brasileiro,() mas apenas de 1,9 a 2,8 vezes o salário mínimo francês() ou de 1,2 a 1,7 vez o salário mínimo canadense em 2023.() Convém destacar que as bolsas de pesquisa brasileiras não destinam fundos específicos para o pagamento de TPAs de artigos de AA, um descuido que precisa ser reconhecido e mudado com urgência. A política do NIH de exigir o AA dos resultados derivados de suas bolsas é um exemplo a ser seguido. Uma pesquisa informal e on-line com os 35 membros do Comitê Científico da Brazilian Research Intensive Care Network (BRICnet)() em setembro de 2023 para avaliar as atitudes em relação aos periódicos de AA recebeu respostas de 29 membros. Em termos gerais, concluiu-se que a maioria dos pesquisadores excluiu os periódicos de AA baseados em taxas ou levou em consideração esse recurso do periódico ao escolher um periódico para enviar um manuscrito, e as instituições dos pesquisadores ou não pagaram as taxas de publicação ou as subsidiaram apenas parcialmente ().

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