Falha do decúbito ventral na síndrome do desconforto respiratório agudo moderado-grave: e agora? - Critical Care Science (CCS)

Editorial

Falha do decúbito ventral na síndrome do desconforto respiratório agudo moderado-grave: e agora?

Crit Care Sci. 2023;35(2):112-114

DOI: 10.5935/2965-2774.2023.Edit-1.v35n2-pt

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Em 2013, foi publicado o estudo randomizado, controlado, prospectivo e multicêntrico PROSEVA,() que comparou o decúbito ventral precoce de 16 horas com o decúbito dorsal em 474 pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) com pressão parcial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) < 150 e pressão expiratória positiva final (PEEP) > 5cmH2O. Esse estudo revelou que o decúbito ventral, nesses pacientes, diminuiu as taxas de mortalidade aos 28 e 90 dias, e o decúbito ventral começou a ser indicado nestes casos desde então. O estudo em questão também revelou que PaO2/FiO2 foi maior nos Dias 3 e 5 no Grupo Decúbito Ventral do que no Grupo Decúbito dorsal. A pressão de platô do sistema respiratório (Pplatsr) foi 2cmH2O mais baixa no Grupo Decúbito Ventral do que no Grupo Decúbito Dorsal no Dia 3. A taxa média de decúbito ventral por paciente foi de 4 ± 4, e a duração média, por sessão, foi de 17 ± 3 horas. Os bloqueadores neuromusculares foram utilizados durante 5,6 ± 5,0 dias, no Grupo Decúbito Dorsal, e por 5,7 ± 4,7 dias, no Grupo Decúbito Ventral (p = 0,74). Foi administrada sedação intravenosa durante 9,5 ± 6,8 e 10,1 ± 7,2 dias nos dois grupos, respectivamente (p = 0,35). Os autores estratificaram os pacientes de acordo com os quartis da PaO2/FiO2 no momento da internação e não encontraram diferenças nos resultados. A taxa de sucesso de extubação foi significativamente maior no grupo decúbito ventral. No entanto, a duração da ventilação mecânica (VM) invasiva, o tempo de internação na unidade de terapia intensiva (UTI), a incidência de pneumotórax, a taxa de uso de ventilação não invasiva após a extubação e a taxa de traqueotomia não diferiram significativamente entre os dois grupos.()

Em 2020, Lee et al.() relataram 116 pacientes com SDRA que receberam ventilação em decúbito ventral, dos quais 45 (38,8%) eram sobreviventes da UTI. Embora não houvesse diferença na PaO2/FiO2 antes da primeira sessão de decúbito ventral entre os sobreviventes da UTI e os não sobreviventes, os sobreviventes da UTI apresentavam maior PaO2/FiO2 após o decúbito ventral do que os não sobreviventes, com diferença significativa entre os grupos (p < 0,001). Na análise multivariada de regressão de Cox, os responsivos ao decúbito ventral (razão de risco - RR - 0,11; intervalo de confiança de 95% - IC95% - 0,05 - 0,25), as condições de imunocomprometimento (RR 2,15; IC95% 1,15 - 4,03) e a Sequential Organ Failure Assessment (RR 1,16; IC95% 1,06 – 1,27) foram significativamente associados à mortalidade aos 28 dias. Nesse estudo, a melhora na oxigenação após o primeiro decúbito ventral foi importante preditor de sobrevida em pacientes com SDRA moderada a grave.

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