"Enquanto seu lobo não vem": o eco da globalização na demora de decisões familiares no cuidado intensivo - Critical Care Science (CCS)

Ponto de Vista

“Enquanto seu lobo não vem”: o eco da globalização na demora de decisões familiares no cuidado intensivo

Crit Care Sci. 2024;36:e20240008en

DOI: 10.62675/2965-2774.20240008-pt

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A globalização é um processo complexo, definido como o “encolhimento” do nosso mundo por meio de avanços tecnológicos e industriais; especificamente, indivíduos, povos e nações muito distantes entre si agora estão em contato e podem compartilhar pelo menos alguns aspectos de uma cultura “global”.() A globalização é multifacetada por natureza, afetando a sociedade economicamente, socialmente e culturalmente.() Dessa forma, a globalização também impacta a saúde e a medicina. O aumento da migração promove a dispersão de indivíduos e famílias por diversas localidades.() Oportunidades de carreira, aspirações acadêmicas e preferências pessoais frequentemente motivam os indivíduos a se mudarem para longe de suas famílias. Ao mesmo tempo, há uma clara tendência para o envelhecimento da população mundial.() A combinação desses dois fenômenos resulta em dinâmicas complexas entre membros da família que migram (e que podem ou não retornar para o seu país de origem, mesmo que apenas temporariamente) e aqueles que ficam.()

Estudos sobre o cuidado de idosos sob a perspectiva da migração ainda são escassos.() Um aspecto específico da migração que merece atenção é seu impacto na tomada de decisões em cenários críticos. Quando um genitor ou outro membro próximo da família fica gravemente doente, decisões rápidas e bem-informadas sobre seu tratamento precisam ser tomadas. No entanto, a separação física causada pela globalização tem o potencial de retardar o processo de tomada de decisão, uma vez que os familiares frequentemente residem em diferentes fusos horários ou até mesmo em diferentes continentes, dificultando a comunicação e a coordenação. A complexidade das decisões referentes ao cuidado na unidade de terapia intensiva não pode ser minimizada. As famílias devem discutir assuntos relacionados a tratamentos de prolongamento da vida, cuidados paliativos e qualidade de vida. Essas decisões, que são intrinsecamente difíceis, tornam-se ainda mais complicadas em famílias separadas pela migração. No caso de idosos que permanecem em seu país de origem, a geração mais jovem que migrou pode ser chamada a participar ou até mesmo liderar essas discussões e frequentemente precisa lidar com sentimentos de culpa e conflitos internos e intrafamiliares.()

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