A equipe da unidade de terapia intensiva e a qualidade do cuidado: desafios nos tempos de poucos intensivistas - Critical Care Science (CCS)

A equipe da unidade de terapia intensiva e a qualidade do cuidado: desafios nos tempos de poucos intensivistas

Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(3):205-207

DOI: 10.5935/0103-507X.20140031

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Modelos de formação de equipes médicas em unidades de terapia intensiva

O modelo mais amplamente estudado de formação de equipes médicas em UTI se relaciona ao grau em que os intensivistas estão envolvidos no gerenciamento do paciente. As UTIs de “alta intensidade” são aquelas em que mais pacientes são cuidados por um intensivista em tempo integral ou como consultor, enquanto as UTIs de “baixa intensidade” não têm o envolvimento de um intensivista ou apenas consultas eletivas a intensivistas.( ) Não foram realizados estudos clínicos randomizados comparando UTIs de alta e baixa intensidade, mas há fortes evidências observacionais que sugerem que equipes de alta intensidade se associam a menor mortalidade, e a menos tempo de permanência hospitalar e na UTI.( ) Esse achado foi coerente entre pacientes clínicos e cirúrgicos, hospitais acadêmicos e comunitários, e estudos realizados nos Estados Unidos e em outros países. A conclusão predominantemente obtida desses dados é a de que a capacitação dos intensivistas realmente faz diferença na UTI. Entretanto, é importante notar que nenhum estudo avaliou exatamente quais elementos de um modelo organizacional de alta intensidade são responsáveis pela melhora dos desfechos dos pacientes. Considerando-se as atuais restrições fiscais em cuidados de saúde e as potenciais implicações da contratação de mais intensivistas em termos de custos, muitas UTIs podem não conseguir adotar o modelo de equipes de alta intensidade. Levantamento realizado em 2006 com 393 diretores de UTI nos Estados Unidos revelou que metade das UTIs era de baixa intensidade, 26% eram de alta intensidade, e as demais tinham uma presença intermediária de intensivistas.( )

Se algum grau de exposição a intensivistas é benéfico aos pacientes, então uma maior exposição seria ainda melhor? Essa noção, combinada com uma priorização internacional da segurança do paciente, levou a uma proliferação do modelo com presença noturna de intensivistas, sem uma sólida base de evidência. O maior estudo retrospectivo de coorte até hoje realizado não encontrou qualquer benefício, em termos de mortalidade, da presença de um intensivista durante a noite em UTIs com equipes diurnas de alta intensidade, mas uma redução significante na mortalidade nas UTIs com o modelo diurno de baixa intensidade.( ) Uma UTI acadêmica de alta intensidade realizou o único estudo clínico randomizado sobre a presença noturna de intensivista e também encontrou que isso não acrescentava qualquer benefício em termos de mortalidade, quando comparado à presença de médicos em treinamento com acesso telefônico a um intensivista.( ) Assim, os dados disponíveis sugerem que uma UTI com equipe diurna pode não precisar também de uma equipe noturna de intensivistas. Ou, talvez, a presença durante a noite de qualquer médico é tão efetiva quanto a de um intensivista. Mais ainda, a presença noturna de um intensivista tem potencialmente implicações significantes em termos de custo, educação e comunicação da equipe, cuja extensão ainda não foi completamente identificada.

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