Visões atuais a respeito da sepse grave em pacientes com câncer - Critical Care Science (CCS)

Visões atuais a respeito da sepse grave em pacientes com câncer

Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(4):335-338

DOI: 10.5935/0103-507X.20140051

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FATORES CLÁSSICOS E EMERGENTES DE RISCO PARA INFECÇÕES

A neutropenia em razão da mielossupressão pela infiltração maligna ou mais comumente causada por quimioterapia citotóxica continua sendo a marca da imunodeficiência em pacientes com câncer e se associa com risco consideravelmente aumentado de infecções bacterianas ou fúngicas. Além de defeitos quantitativos, os neutrófilos apresentam também diversos defeitos funcionais em relação à quimiotaxia, fagocitose, capacidade bactericida e atividade oxidativa. As necessidades de acesso venoso central em longo prazo, atividade citotóxica não seletiva sobre células em divisão e pobreza circulatória em feridas são responsáveis pelo frequente comprometimento da integridade cutânea e mucosa. Não obstante, a emergência de novos fármacos, que têm como alvos específicos os linfócitos, ampliou o espectro de complicações infecciosas, incluindo infecções oportunistas por fungos, parasitas e micobactérias, que são observadas em pacientes com distúrbios linfoproliferativos.(,) É interessante que mesmo um curso breve de corticosteroides em dose de estresse, comumente aplicada em casos de falência respiratória grave ou refratária, tem a probabilidade de aumentar o risco de infecções adquiridas na unidade de terapia intensiva (UTI) em pacientes hematológicos com choque séptico.() Ainda mais importante, o espectro de patógenos responsáveis por infecções graves mudou. Surgiram bactérias Gram-negativas multirresistentes, especialmente enterobacteriáceas, como Klebsiella ou Serratia spp., que, juntamente de espécies de Pseudomonas e outras, exercem um impacto relevante nos desfechos de pacientes imunocomprometidos para os quais qualquer retardo no início de antibioticoterapia adequada pode ser extremamente danoso.() Profilaxia extensiva com uso de azólicos ou equinocandinas em pacientes hematológicos tem levado a uma modificação no espectro fúngico para cepas mais resistentes e à emergência de fungos raros.()

Além disso, alguns fatores adicionais de risco infeccioso estão potencialmente envolvidos em pacientes com doenças malignas. Pacientes com câncer frequentemente necessitam de transfusão de células sanguíneas. A imunomodulação relacionada à transfusão tem probabilidade de conferir risco adicional de complicações infecciosas, como sugerido por uma recente metanálise de estudos que analisaram os limites para transfusão em diversas populações.() Mais ainda, algumas predisposições individuais hereditárias previamente descritas em pacientes imunocompetentes podem também conferir um aumento da suscetibilidade a infecções graves em pacientes imunocomprometidos. Uma deficiência na lecitina ligante de manose foi associada a uma incidência mais elevada de infecções bacterianas e fúngicas graves em pacientes com doenças malignas hematológicas. Além do mais, polimorfismos funcionais no TLR4 ou pentraxina longa PTX3 foram associados com maior risco de aspergilose invasiva em receptores de células-tronco alogênicas.()

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